Minha mãe sempre me ensinou a ser auto suficiente e não depender de ninguém nunca, ela teve uma vida boa com meu pai, até ele falecer, ela prometeu a ele que não ficaria triste e sempre viveria intensamente pelos dois, inclusive namorar muito. E foi assim que aos 22 anos comecei a me virar sozinha.... Não, minha mãe não morreu, Deus meu, não... ela conheceu um irlandês e foi em busca dos seus sonhos desbravando litorais, escalando montanhas e namorando na natureza, argh que nojo, mas fico feliz por ela.
Fiquei com a casa e comecei a trabalhar de dia enquanto fazia faculdade à noite, e foi assim que conheci Júnior, estávamos numa fase de curtição e tínhamos muita química, enquanto estávamos no intervalo, sempre estávamos nos tocando e nos provocando, ele é muito bonito, cabelos castanhos brilhantes e sorriso cafajeste que eu amo, de acordo com ele éramos perfeitos um para o outro.Em um dia de bebedeira desregrada acordo com uma baita dor de cabeça, na cama de Júnior, tomo banho para ir pra casa, estou super enjoada e mais uma vez prometo nunca mais beber nada alcoólico... sempre digo isso. Semanas depois sinto que esse enjoo não é nada normal e chamo Júnior para me levar ao médico, ele sempre está na minha casa ou eu na dele, chegando no pronto socorro, faço alguns exames e aguardo os resultados, recebo uma ligação da minha tia que é também minha vizinha.— Oi Lolô, minha bonequinha.— Fiquei sabendo que você não está nada bem, fiquei preocupada, se sua mãe fica sabendo que você está à Deus dará eu tiro o meu da reta, pois ela pediu pra eu ficar de olho em você.— Não se preocupe Lolô, foi só algo que comi e me fez mal, estou bem agora.— Nem venha me dizer que foi minha comida porque eu sou a melhor cozinheira do mundo e se foi algo que comeu, e disser a alguém que fui eu que lhe deu, arranco suas orelhas.— Está bem dona “Melhor cozinheira do mundo”, eu ... o médico chegou, depois nos falamos.— Senhorita Jenkins, seus exames já saíram me encontre na minha sala por favor.— Ok doutor, já estamos indo.O médico vai na frente e o seguimos para sua sala, enquanto Júnior vai repassando os nossos planos para depois da formatura, planejamos viajar por dois meses antes de começar nosso estágio e programar nossa mudança para Nova York, até imaginávamos nossa vida de namorados, num apartamento pequeno mas aconchegante e conhecendo pessoas novas a cada saída, e iríamos conhecer cada canto da cidade até não haver mais lugares para ir e termos que nos firmar em algum trabalho.— Eu já estou com as malas prontas, gata e espero que melhore logo antes de viajarmos.— Minhas malas também estão prontas, Ah nem acredito que só faltam 6 meses para o fim.— Se prepare para conhecer o mundo. -Dou risada de seu entusiasmo e foi por isso que me apaixonei por ele.— Que mundo seu bobo, um passo de cada vez.— Vamos encher a cara na porra da estátua da liberdade.Entramos na sala do médico e ele está sentado em sua mesa branca me olhando sério, e diz.— Você pode até ser meu jovem, mas ela não vai poder encher a cara na P0rra da estátua da liberdade.Meu rosto fica branco, será que estou com alguma doença no fígado? porque não posso mais beber?— O que houve, doutor? O que minha garota tem?— Ela vai ser mãe!Meu chão se abre e pareço cair num abismo sem nenhuma raiz de salvação, minhas vistas estão turvas e não consigo pronunciar nenhuma palavra, Júnior também esta pasmo e não solta nenhuma palavra. — Ah garotos vamos lá, não é o fim do mundo, são jovens e terão muito o que curtir na vida, só vão dar uma pausa.— Isso não pode estar acontecendo, eu tomo remédio doutor como isso pode acontecer.—Falo aos prantos.— Nada é 100 % Senhorita Jenkins, o mais seguro mesmo é não fazer nada e tomar remédio de forma irregular, vomitar depois de tomar, usar alguns antibióticos... enfim, há muitas possibilidades de falhar.Olho para Júnior e ele ainda está parado sem falar nada, nesse momento me sinto sozinha e é como se o peso do mundo estivesse nas minhas costas.— Vou te passar as vitaminas necessárias para você e o bebê permanecerem saudáveis, e o encaminhamento para o pré- natal. Saímos do consultório, pessoas totalmente diferentes, sem planos, assustados e sem nenhuma ideia do que fazer.Já no carro, Júnior não disse nenhuma palavra, desde antes da notícia, eu por outro lado tenho muitas perguntas.— O que vamos fazer Júnior?Ele permanece calado.— Júnior, estou ficando nervosa com esse silêncio, fala alguma coisa pelo amor de Deus.— Não vamos levar isso adiante, um filho agora não está em meus planos.— Ele diz sem rodeios.— E você acha que estava nos meus planos? Acha que eu teria feito isso de propósito? Chegando na porta da minha casa ele vira o rosto pro outro lado e diz: — Pensa direito e amanhã venho para conversar.— Você nem consegue me olhar, faz o seguinte, não precisa voltar amanhã.Dito isso, saio do carro batendo a porta. Entro em casa e choro até adormecer, pensando como será minha vida com um ser crescendo dentro de mim.[...]Acordo destruída pela noite entre choro e insônia, quando dormia acordava assustada como se estivesse tendo um pesadelo, mas constatava que era muito real. Me levanto, tomo um banho e depois vou tomar um chá calmante, decido que irei sim, ter meu bebê, pois ele não tem nada haver com todos os nossos erros.A campainha toca e quando abro a porta, lá está Júnior parecendo tão *mal quanto eu, dou passagem para ele entrar, e espero que Júnior tenha pensado bem no que disse.— Oi, como você está?– Ele pergunta.— Como acha que estou? Estou grávida e o pai do meu bebê não está me dando apoio.Ele estende um pacote e um envelope, pego sem saber o que é.— Não estou preparado para isso, mas vou te dar uma ajuda para lidar com tudo.Meus olhos não contém as lágrimas e percebo que é real o fato de eu estar sozinha nisso. Abro o envelope maior e tem uma quantia grande de dinheiro, e no segundo envelope um cheque com um valor simbólico. Aquilo foi pior que um soco no estômago e num momento de fúria parto pra cima dele com todo *ódio que sinto por ele nesse momento. Ele não me impede da *agressão. Sinto mãos em minha cintura me puxando pra longe dele, Júnior não me olha nos olhos -SEU *DESGRAÇADO, NUNCA MAIS APAREÇA NA MINHA VIDA E NÃO OUSE A TENTAR SE APROXIMAR DA MINHA FAMÍLIA. LEVE SEU DINHEIRO SUJO INFELIZ.Júnior se vira e vai embora, depois disso nunca mais o vi. Abraço minha tia e ela sussurra no meu ouvido que jamais nos abandonará e assim aconteceu.