Prólogo:

Eram nove horas da manhã quando tive pausa no trabalho e me direcionei à cafeteria mais próxima da agência, pois estava de estômago vazio. Pisei firme na calçada de concreto e observei a placa onde estava escrito Cafeteria Chayli, logo acima da porta.

Naquela manhã, eu usava um scarpin vermelho e um vestido da mesma cor até o joelho. Havia um decote de tela transparente entre os seios, e o modelo era tão justo, que as curvas delicadas do meu corpo estavam expostas a cada passo que eu dava até o balcão, atraindo alguns olhares de homens. Ajeitei a bolsa vermelha de lado e fiz gentilmente meu pedido à garçonete, que anotava tudo em um pequeno bloco de papel no balcão.

Procurei calmamente um lugar para sentar e apreciar o delicioso cappuccino, mas estava tão cheio, que achei quase impossível me sentir à vontade com todas aquelas pessoas ao meu redor. Foi quando então avistei no canto da parede uma mesa que havia acabado de ser deixada por um casal. Apressei-me para pegar o lugar antes que alguém passasse na minha frente. Puxei a cadeira e sentei, depositando a bolsa em meu colo, um tanto distraída, pegando o celular dentro dela e verificando algumas mensagens.

— Nada de Taylor... — murmuro, direcionando meus olhos para a porta da cafeteria.

Logo em seguida, um homem muito elegante adentrou o local. Usava vestes pretas, tinha uma barba rala e era extremamente sério. Fingi não notar nada, o homem se aproximou do balcão e fez seu pedido, virou o rosto, observando o ambiente, constatando que não havia nenhuma mesa vaga. Apenas uma cadeira sobrava em uma mesa ao canto e estava ocupada — não que eu estivesse à espera de alguém. Ele me observou maliciosamente enquanto cruzei as pernas, pendurando a bolsa em um dos cantos da cadeira. Com uma das mãos à frente do tecido fino de seu terno Armani, ele caminhou até a minha mesa.

— Com licença — falou, com uma voz rouca próxima a mim, e no mesmo instante, encarei seu dono, admirada.

— Olá — respondi educadamente.

Era um homem mais velho, que aparentava ter uns quarenta anos ou mais, apresentável, além de muito, muito bonito com seu sorriso encantador.

— O café está um pouco cheio, então pensei se eu poderia me sentar aqui com você. Claro, se não se importar — acrescentou, puxando uma cadeira.

— Oh... claro que sim. Não ficarei por muito tempo — avisei, o observando se sentar um pouco desconfortável na cadeira de ferro almofadada. Contive o riso. — Fique à vontade — falei enquanto continuava a mexer no celular.

— Obrigado. Mas por que uma moça tão bonita se encontra sozinha aqui?

— Estou em pausa no trabalho, então vim tomar um cappuccino, e o senhor?

— Vim cuidar de alguns negócios por aqui, mas, por favor, não me chame de senhor — pediu ao estender a mão, que eu apertei. — Meu nome é Brandon.

— Prazer, o meu é Kimberly.

— Que nome adorável para uma moça tão bela.

— Obrigada.

Minha boca se ergueu nos cantos, não pelo elogio barato, mas sim por presumir a direção em que os olhos azuis se centralizaram: no meu enorme decote.

Tem bom gosto, afirmei em pensamento.

Por fim, o café da manhã havia chegado e rapidamente foi servido. Comendo propositalmente em silêncio, pois tinha certeza de que se abrisse os lábios vermelhos e falasse qualquer palavra, Brandon desviaria a própria atenção, e isso não o deixaria tão vulnerável. Além do mais, estava sendo divertido.

Poucos minutos se passaram, até que percebi a fumaça do café de minha companhia matinal se tornando cada vez mais fina, e por mais que estivesse gostando do silêncio e de ser admirada, não suportava tomar um café frio. Imaginei que ele gostasse da quentura nos lábios, então, em uma voz suave, seguido de um umedecer sexy de lábios, eu o despertei:

— Tudo bem? — perguntei, forçando rubor em minhas maçãs do rosto assim que levantei os olhos, focando nos dele. Em seu rosto havia um sorriso que mostrava estar amando a minha feminilidade.

— Desculpe. É que… Você é tão maravilhosa, que não consigo deixar de te olhar um segundo sequer.

Seu olhar era intimidador e ao mesmo tempo familiar. Mas seu ar egocêntrico era irresistível. Mesmo assim, o brilho daqueles olhos e o sorriso tentador daqueles lábios não eram suficientes a ponto de me fazer fingir que não havia em meu dedo uma bela aliança de noivado com um diamante. Um pequeno objeto caro o suficiente para manter a minha consciência em alerta.

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