Naquele ano, Jesus Cristo renasceria numa terça-feira e nós festejaríamos seu nascimento com alguns membros da família, na casa dos meus falecidos avôs paternos.
O céu estava super nublado e o vento estava gelado, mas nem isso impedia com que os preparativos para a ceia de Natal acontecessem na naturalidade.Cada um cumpria com sua tarefa. A minha era descascar um saco de batatas inteiro. Tinha começado até a sentir um certo desconforto na região da coluna e sentia minhas pernas doloridas.
— Falta muito? — Tia Ofélia, gêmea do meu pai, surgiu na varanda com seu avental xadrez coberto de sangue.
— Não, estou quase a terminar. — apontei para o saco de batatas quase vazio.
— Posso trazer algumas cenouras para descascares, também? — perguntou com receio e eu sorri para não mostrar que queria atirar a faca para ela.
— Sim, pode, Tia.
Ela se virou e entrou na casa, me dei