Capítulo 4
Pouco tempo depois que Rafael saiu, Juliana atualizou o WhatsApp.

[Comentei por alto sobre panquecas, e no dia seguinte elas estavam na minha frente.

Obrigada por me amar tão descaradamente. É por isso que eu posso exibir esse amor sem medo.]

A foto anexada?

As mesmas panquecas com calda que estavam na minha mesa hoje de manhã.

O chef da casa de Rafael nunca soube fazer panquecas.

Foi Rafael quem pediu que ele aprendesse. Só porque eu gostava.

E ele tinha me prometido: “Essas panquecas serão só pra você.”

Eu apenas desliguei a tela do celular e enxuguei as lágrimas, sem dizer uma palavra.

Olhei para a empregada que, com esforço, tentava limpar os pedaços das panquecas jogadas no chão.

A calda tinha grudada no tapete e não saía por nada.

— Deixa pra lá. Joga esse tapete fora. — Falei.

Mesmo sendo um presente de Rafael, eu não me importava mais.

Na verdade...

Comecei a recolher tudo o que ele já tinha me dado: cada lembrança, cada mimo, cada demonstração de carinho que hoje me parecia vazia.

Coloquei tudo numa caixa.

E joguei fora.

Cada presente era como aquelas panquecas de hoje. Só uma forma casual de me manter por perto, sem nunca me valorizar de verdade.

Depois daquele dia, Rafael desapareceu.

Não mandou mais mensagens.

Não ligou.

Não apareceu.

Antes, sempre que a gente brigava, era eu quem cedia.

Eu quem procurava.

Mas dessa vez, não.

Eu não o procurei.

Bloqueei o número dele.

Bloqueei o perfil dele no WhatsApp.

Troquei a senha da casa e pedi à empregada:

— Se o Rafael aparecer, não abra a porta.

Por sorte, Iva me convidou para viajar.

Aceitei sem pensar.

Liguei pros meus pais, que estavam viajando a trabalho, e avisei:

— Vou ver a aurora boreal no Ártico com a Iva. Fico fora até o fim das férias, depois sigo direto pra faculdade.

Assim...

Evito qualquer chance de esbarrar no Rafael novamente.

Arrumei minhas malas.

E quando saía de casa, pronta pra recomeçar...

Dei de cara com Mariana, a mãe de Rafael, na porta da mansão.

Ela sempre foi muito carinhosa comigo.

Ainda não sabia de nada sobre o fim da minha relação com Rafael.

Então, apenas forcei um sorriso e a cumprimentei.

Mariana olhou para minha mala... E não demonstrou surpresa alguma.

— Ué, você tá sozinha? Cadê o Rafael? Ele não veio te buscar? Vocês dois deviam aproveitar mais a juventude pra viajar! Quando o Rafael falou que ia te levar pra Suíça, eu achei ótimo. Apoiei com toda força!

Fingi naturalidade, sorrindo por fora. Mas por dentro, um turbilhão.

Realmente, Rafael e eu tínhamos falado, tempos atrás, sobre viajar juntos pra Suíça.

Mas ele sempre reclamava que era longe demais, complicado demais.

Nunca confirmou nada.

E agora, com tudo o que aconteceu entre a gente...

Viajar juntos? Impossível.

Mesmo assim, Mariana parecia acreditar que o plano ainda estava de pé.

Fiquei em silêncio.

Só não esperava o que aconteceu no aeroporto.

Vi Rafael.

Com Juliana.

Ele carregava a bolsa dela com todo cuidado, como um verdadeiro cavalheiro.

Me lembrei de quando, exausta, pedi pra ele segurar minha mochila.

Ele recusou na hora.

“Cada um cuida das suas coisas. Essa sua mochila não é nem masculina, que vergonha...”

Na época, fiquei magoada. Mas calei.

“Agora eu entendo.

Quando a pessoa importa de verdade...

Esses detalhes simplesmente não importam.”

Respirei fundo.

Balancei a cabeça, tentando expulsar Rafael da minha mente.

Iva chegou cedo e já me esperava no portão de embarque.

Mas o caminho até a segurança era o mesmo.

Não queria que Rafael me visse.

Então mantive distância, seguindo os dois de longe.

Rafael parecia inquieto.

Mexia no celular sem parar, como se tentasse ligar pra alguém. Mas não conseguia completar a chamada.

Juliana falava com ele, e ele nem respondia.

Chegando perto do portão, vi que eles seguiram em frente.

Logo me encontrei com Iva.

Mas antes que eu dissesse qualquer coisa, meu celular tocou.

Número desconhecido.

Atendi.

E do outro lado, uma voz abafada de raiva.

— Beatriz... Tudo bem sumir por uns dias. Mas me bloquear?! Que tipo de atitude é essa? Tá de TPM, é? Se for mulher de verdade, me bloqueia pra sempre! Quero ver como vai se virar sem mim quando entrar na faculdade!

Era o Rafael.

E ele estava furioso.

Eu não respondi.

Não ia contar que tinha trocado de universidade sem avisar.

— Quer saber? Estou embarcando agora. Me tira dessa maldita lista de bloqueio. Vou viajar uns dias pro exterior. Então, por enquanto, não vou poder cuidar de você.

Tive que me segurar pra não o xingar.

Apenas desliguei.

Ao longe, vi Rafael se irritar tanto que quase arremessou o celular de um passageiro.

Peguei na mão da Iva com força.

E, sem olhar pra trás, caminhei em direção ao portão de embarque.
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