– Oi gente.
– Oi. – Eles responderam.
– Quem é essa? – A loira ridícula disse no ouvido do Derek, mas eu ouvi. Ele falou algo pra ela. Certeza que falou que eu era a irmã do Ryan.
– Sou Ellen. – Ela disse com aquela voz irritante.
– Lily.
– Nome de criança. – Ela disse pra mim.
– Pelo menos não tenho voz de traveco. – Os meninos e a Katy riram e ela ficou com cara de irritada.
– Dá um pouco? – A Katy disse se referindo ao chocolate e eu dei um pedaço pra ela.
– Pega leve com a Ellen tá? – Ryan pediu pra mim disfarçadamente.
– Oushe. Eu não fiz nada.
– Não é nem pra pensar em fazer.
– Vocês falaram alguma coisa de mim pra ela?
– O Derek só disse que ia dar uma de guia turístico contigo hoje. Mais nada.
– Ah, ela deve tá com ciúmes.
– Provavelmente. Mas que história é essa de sair com o Derek?
– Ah... nada não. – Ele arqueou a sobrancelha. – Para de ser chato. Me deixa respirar um pouco.
– Só não faz merda.
– Eu não vou fazer merda. Fica tranquilo.
– Espero. O pai brigou muito contigo ontem a noite?
– Ele só disse que não me quer saindo de meio de semana de novo. Nada de mais. – Ele fez que sim com a cabeça e continuou conversando com o pessoal. Olhei pro Derek. Não gostava de ver as pessoas não falando comigo.
Ele tava falando comigo, não tava? Enfim, não falei nada. Só fiquei observando o povo conversando e comendo.
Deu o sinal, eu fui no meu armário pegar as coisas e fui pra sala. As aulas foram um saco e o Zac não parava de insistir pra eu ficar com ele de novo. Se eu afogar a cabeça dele na privada, isso vai ser considerado bullying?
A aula acabou e eu já tava há mais de 30 minutos esperando o Ryan no estacionamento. Ele poderia me dar a chave né? Eu já tava com dor no pé. Sentei na guia quando vi dois pés por debaixo do carro. Levantei.
– Até que enfim, hein. – Disse achando que era o Ryan, mas era o Derek. – Ah, achei que era o Ryan.
– Imaginei.
– Vai pra minha casa hoje de novo?
– É... minha mãe tá viajando e não me quis deixar sozinho em casa.
– Você não daria uma festa. – Ele riu fraco.
– Tenta dizer isso pra ela. – Ficamos um tempo em silencio.
– Sabe o que o meu irmão tá fazendo?
– Deve tá com a sua amiga.
– Ela tem um péssimo gosto. – Ele riu fraco de novo e ficamos em silencio de novo também.
– Hoje depois do almoço? – Derek me perguntou.
– O que?
– Você não me pediu pra te mostrar a cidade?
– Ah, sim. Pode ser a hora que você quiser.
– O que aconteceu com você?
– Nada. Eu to normal. Por quê?
– Não se irritou e nem falou uma ironia até agora. – Fiz cara de tédio.
– Você é cheio de gracinha né? – Disse e ele sorriu. Parece que ele ficou menos chato depois do intervalo. – Sua namorada não achou ruim em você me acompanhar?
– A gente só vai andar. Não vai dar nada e não vai ter nada de mais. – Aham. Claro que não vai ter nada de mais.
Uns 2 minutos depois o Ryan chegou.
– Achei que tinha morrido no meio do caminho. – Eu disse e ele sorriu mais do que já tava sorrindo. – Não precisa ficar com essa cara de pegador só porque beijou a Katy. – Disse entrando no carro. Eles não falaram nada e fizeram o mesmo.
Fiquei o caminho todo pensando no que vestir. Ok, não é uma festa. Mas não vou que nem mendiga andar pela cidade. Ainda mais se meu objetivo é ficar com ele. Chegamos em casa e eu subi pra tomar banho. Botei uma roupa básica e desci. Almoçamos normalmente e depois eu e o Derek saímos.
– Quer alguma coisa? – Ficar contigo. Serve?
– Não, valeu. – Respondi.
– Nem uma bebida? – Olhei estranha pra ele.
– Estranho você me oferecendo bebida.
– Não sou chato sempre.
– Já ficou bêbado?
– Ahn... já.
– To te imaginando nesse estado. – Disse rindo um pouco.
– Eu não posso te falar como fico porque não lembro. – Tá começando a me dar uma ideia. Mas não iria embebedar o menino agora.
– Acho que a maioria das pessoas não se lembra.
– Você lembra?
– Depende do quanto eu beber. – Nunca pensei que falaria de bebida com o Derek. – Não sabia que tinha namorada. – Ele só sorriu sem mostrar os dentes. – Acho que ela não gostou de mim.
– Posso dizer que você também não gostou dela. – Olhei pra ele.
– Ér... ainda não conheci ela direito.
– Não precisa mentir pra mim. A Ellen não é uma pessoa “amável”.
– Mesmo te conhecendo desde ontem, não imaginaria você com uma menina que nem ela.
– Todo mundo fala a mesma coisa.
– Você era do time da escola? – Ele me olhou confuso.
– Não. Por quê? – Vadias costumam ficar com meninos do time. Pensei.
– Nada não.
– Hm... lá em Londres tinha muitas praças?
– Tinha.
– Você gostava ou... nem?
– Claro que gostava. Me deixavam mais calma.
– Então acho que você vai gostar. – Andamos por mais um tempo até parar numa praça.
É uma das mais bonitas que eu já vi. Olhei pro lado e vi uma barraquinha que vendia refrigerante.
– Quer algo pra beber?
– Não, obrigado.
– Então, eu já volto. – Fui até lá e comprei uma Coca. Sentia os olhares de Derek sobre mim. Estranho. Olhei em volta e ele já tinha sentado num banco que tinha na praça. – Não quer mesmo? – Perguntei de novo pra ele quando sentei do seu lado.
– Não. Como era em Londres?
– Era... quase perfeito. Eu amava morar lá.
– Imagino que nunca parava em casa. – Ele disse e eu sorri.
– Lógico que não.
– Já se acostumou com aqui?
– Um pouco. Por incrível que pareça, eu gosto de lugares tranquilos.
– Mas não duvido nada que quase teve um ataque quando soube que moraria aqui.
– Ah... foi uma mudança grande né.
– Tinha namorado lá? – Olhei estranha pra ele.
– Não. – Tá interessado? Pensei. Quando eu achei que as coisas tavam começando a dar certo, um ser brota na nossa frente.
– Oi amor.
– Oi Ellen. – Eu sobrei. Bacana.
– Eu ia passar na cada do Ryan pra te procurar, mas aí lembrei que você ia sair hoje.
– Você fala como se eu tivesse ido pra uma festa.
– Não foi assim que eu quis dizer. – Ela fez bico e sentou no colo dele. Ela deu um selinho no Derek e eu me levantei. Eles nem repararam que eu me movi. Então, obviamente, fui embora.