Leonardo
Dois dias se passaram desde que o juiz autorizou a primeira visita com a Isabela, e eu não consegui dormir direito desde então. Acordava pensando no rosto dela, mesmo sem lembrar direito como era. Eu só tinha aquela imagem da maternidade, tão distante e turva, que mal parecia real. Mas agora, agora eu ia ver minha filha de verdade. E precisava estar preparado.
Comprei um ursinho de pelúcia enorme. Macio, branco, com um laço cor-de-rosa no pescoço. Clara me viu entrando no quarto com ele e cruzou os braços, já armada para mais uma discussão.
— Que que é isso? — ela perguntou.
— É pra Isabela — respondi seco, colocando o urso em cima da cama.
— Eu vou junto — ela disse, como se fosse óbvio.
— Não vai — respondi sem tirar os olhos do urso. — O Marcelo foi claro. Você não pode estar perto da Mariana nem da Isabela. Tem uma ordem judicial, Clara.
Ela bufou alto e ficou me olhando como se eu fosse um traidor. Dep