**Xavier**
O telefone tocava enquanto eu esperava pacientemente, mas, na minha mente, já contava os segundos. Três toques até Rubí atender. Ela costumava ser mais rápida, mais eficiente nisso. O que estava demorando tanto?
— Alô, Xavier — disse, finalmente, com a voz tranquila de sempre, embora não o suficiente para me enganar. Havia algo... uma tensão. Achava que eu não perceberia?
— Olá, Rubí — respondi, deixando minha voz soar amigável, como se fosse uma conversa qualquer. Mas não era. — Como vão as coisas?
Houve uma pausa. Isso não era comum nela. Nada dramático, mas era o tipo de coisa que sempre percebia. Finalmente, ela falou:
— Está tudo bem. — O tom dela estava tão natural, tão perfeitamente ensaiado, que quase podia acreditar. — Acabei de sair da reunião de pais... e, bom, me escolheram presidente da comissão da festa de fim de ano.
Ouvi sua risada, leve, encantadora. A mesma risada que enganava todo mundo, menos a mim. Porque eu sabia o que ela não dizia.
— Claro que te esc