POV CELESTE— A Rubí é tão fofa — disse minha mãe.— Tem um cabelo preto muito bonito. Igual ao do Wade — Lillian passou os dedos pelo cabelo de Rubí. — Ela puxou mais para os traços dos Pedrosa.Sorri.— Sim, mas não o temperamento.Lillian riu.— Aleluia por isso.— Quase não chora. Desde que a trouxemos para casa, nunca chorou a não ser por fome. Dorme a noite toda. O pediatra disse que está tudo bem. Tivemos sorte dela ter nascido assim — continuei.— Igualzinha a você. Você quase não chorava quando era bebê — disse mamãe, brincando com a mão da Rubí.— Sério?— Sim. Acho que Rubí tem a sua personalidade.— Quem deu chocolate pra bebê Rubí? — gritei. Tinha acabado de ir ao banheiro e, quando voltei pra sala, vi a boca da bebê toda suja de chocolate.— Eu não — Wade saiu da cozinha.Esmeralda estava no chão brincando com nosso cachorro, Marsh. Fingiu que não me ouviu. Sabia que era culpada.— Vocês dois. Não deem comida pra Rubí, tá bom? Ela não é um cachorro, pelo amor de Deus — f
POV CELESTE— O que é isso? — perguntei para Eros. Tínhamos acabado de acordar e ficamos surpresos ao ver cinco caixas grandes na sala.— Não sei — respondeu ele, examinando as caixas. — São para a Esmeralda.— O quê? — Conferi as caixas. Eram mesmo para Esmeralda, de uma loja online.O que tem dentro? Ela pediu tudo isso pela internet?Com as mãos na cintura, olhei para Eros com raiva, e ele deu de ombros.Foi ideia dele dar um cartão de débito para Esmeralda há um mês, quando ela fez oito anos. Eu disse pra esperar até que ela fosse suficientemente responsável, talvez com doze, como o Wade. Mas Eros insistiu que era melhor dar agora. Ela podia perder o dinheiro e passar fome na escola. Assim aprenderia a ser responsável com o próprio dinheiro.Mas isso aqui?!— Uau! Pacotes? — disse Wade atrás de mim. Também tinha acabado de acordar, descendo correndo com seu pijama azul.— São para a Esmeralda.— Tudo isso? — as sobrancelhas dele se ergueram surpresas.— Sim. Ela pediu tudo numa lo
POV CELESTEVai ser um dia maravilhoso!Acordei ao amanhecer sentindo-me muito feliz. Era nosso décimo aniversário de casamento. Olhei para Eros, que ainda dormia ao meu lado, na nossa cama de casal. Ele roncava baixinho, e isso me fez sorrir.— Feliz aniversário — sussurrei no ouvido dele quando o vi se mexer. Depois o abracei e beijei sua bochecha.Ele se virou para o outro lado, de costas para mim.— Ei — falei.Ele levantou um pouco a cabeça e me olhou com uma expressão confusa. Depois afundou o rosto no travesseiro e voltou a dormir.Ele se esqueceu do nosso aniversário de casamento!Tudo bem. Isso acontece quando a pessoa ainda está meio dormindo. Daqui a pouco ele lembra. Ele sempre lembra. Sexo pela manhã e café da manhã na cama. Hmm... Virou tradição todo aniversário. Sorri ao pensar nisso. Fui ver como estava a Rubi e depois voltei para a cama.Mas o que eu esperava não aconteceu.Eros acordou mais tarde, andando cambaleando até o banheiro. Tropeçou no tapete e xingou, depoi
POV CELESTEInacreditável. Ele ainda não me respondeu. Então é isso que acontece depois de dez anos de casamento. Você esquece o próprio aniversário de casamento.Liguei para Eros de novo, mas ele continuava sem atender.Eu estava começando a ficar muito irritada.Abri o guarda-roupa e procurei algo para vestir para a festa. Rachel ligou novamente para me dizer que eu deveria usar um vestido longo. Decidi colocar meu vestido novo, formal, tomara-que-caia, de cetim roxo com pedrarias. Tinha comprado algumas semanas atrás. Me apaixonei por aquele vestido. Além disso, é minha cor favorita.Calcei meus saltos agulha prateados de dez centímetros, fiz uma maquiagem glamourosa e soltei o cabelo. Queria aproveitar a noite e comemorar meu décimo aniversário de casamento sem o Eros.Suspirei fundo. Como ele pôde esquecer o nosso aniversário? Era o nosso décimo ano juntos. Eu entendia que as crianças esquecessem, mas o Eros... Naquele momento, eu estava muito decepcionada com ele.Fui ver como e
POV WADE—Sabe de uma coisa? Se continuar escrevendo cartas de amor para a Carla, não me surpreenderia se um dia acabasse se apaixonando por ela — disse Leonidas quando Ismael foi ao banheiro.—Eu? Tá brincando? — ri. — Ela é bonita... mas não é o tipo de garota com quem eu sairia.—Então você acha a Carla bonita? — Leonidas me lançou um olhar malicioso e zombeteiro, e depois caiu na gargalhada quando eu olhei pra ele, confuso. — Cuidado pra que o Ismael não ouça você dizendo isso.Balancei a cabeça e continuei escrevendo a carta.—Deixa disso, cara, já falei. Ela não é meu tipo.—Ah, sim. Você é obcecado pela Martha. Por que não vai atrás dela? Ela tá só esperando você se mexer.Obcecado? Nada disso.Minha paixão pela Martha estava sumindo aos poucos. Simplesmente parei de pensar nela. Não lembro desde quando, mas já faz tempo.Martha era uma garota bonita e talentosa. Dançava muito bem, e isso a tornava popular. A maioria dos garotos da escola era apaixonada por ela. E sim, eu era u
POV WADEEra verdade. As coisas eram melhores nas Filipinas.Os filipinos estavam entre as pessoas mais gentis do mundo. Muito hospitaleiros, acessíveis e voltados para a família. Havia muitos motivos para sorrir no país. O clima era ensolarado e o ambiente, sempre festivo. O país era cercado de lugares e praias lindíssimas. Havia abundância de frutas tropicais deliciosas e frutos do mar frescos. Os produtos locais eram muito baratos.Ficamos na casa do papai e da mamãe Gomez na cidade de Batangas. Nos divertimos bastante com nossos parentes e novos amigos. As festas eram intermináveis, cheias de karaokê. Mamãe e Esmeralda cantaram várias vezes. Era curioso como todos as incentivavam a cantar mais. Amo muito as duas. Mas, sendo sincero… cantam mal demais.Fomos a praias e fontes termais, vimos o vulcão Taal, passeamos de barco e pescamos. Também visitamos igrejas antigas, locais históricos e pontos turísticos. Todo dia tinha algo para esperar com ansiedade.—Eu amo este lugar. Me sint
POV EROSNunca tinha rezado tanto na minha vida, até agora. Chorava, pedindo a Deus que curasse a pequena Rubi. Era apenas um bebê e estava sofrendo com uma infecção viral muito grave. Era muito doloroso para nós. Sua vida estava em risco.Rubi foi levada para o quarto ao amanhecer. Mas os médicos e enfermeiros continuavam monitorando.— O pulso dela está enfraquecendo e a frequência cardíaca está diminuindo — informou o médico.Meu coração parou, quebrando-se em mil pedaços. Mas eu precisava ser forte por Celeste.— O que isso quer dizer? — perguntou Celeste, em pânico. Ela passou a noite inteira chorando, sem dormir e sem se alimentar direito. Eu temia que ela também ficasse doente.— Ela não está respondendo bem ao medicamento.— Meu Deus — Celeste me abraçou e escondeu o rosto no meu peito. — Não quero que nada aconteça com o nosso bebê.Se eu tivesse superpoderes... Se pudesse pagar qualquer valor pela saúde da nossa filha. Eu faria isso sem pensar duas vezes.— Façam tudo o que
POV CELESTE—Pronto, você parece a princesa Moana—. Girei Rubi em frente ao espelho de corpo inteiro para que ela pudesse ver seu reflexo.Seus olhos se arregalaram de incredulidade.—Moana!—. Apontou para si mesma no espelho. Provavelmente pensava que estava diante da verdadeira princesa Moana, e não dela mesma.—É você—. Dei uma risadinha e ajeitei a coroa de flores sobre seus cachos castanhos. —Está feliz?—Sim... obrigada, mamãe—. Ela assentiu entusiasmada enquanto mordia o dedo indicador, um hábito que não largou desde que os dentes nasceram.—Você está linda. Feliz aniversário, meu amor—. Ajoelhei e a abracei.Não pude evitar me emocionar ao vê-la tão feliz e saudável de novo. Lembrei o quanto esteve doente há apenas três meses. Foi uma experiência traumática para todos nós, sua família. O medo de perdê-la era real. Continuo rezando para que nunca volte a acontecer.—Vamos, vamos descer. Sua festa está te esperando.—Mamãe, o bolo! —Ela pulou e bateu palmas.Levantei e segurei s