POV WADEEra verdade. As coisas eram melhores nas Filipinas.Os filipinos estavam entre as pessoas mais gentis do mundo. Muito hospitaleiros, acessíveis e voltados para a família. Havia muitos motivos para sorrir no país. O clima era ensolarado e o ambiente, sempre festivo. O país era cercado de lugares e praias lindíssimas. Havia abundância de frutas tropicais deliciosas e frutos do mar frescos. Os produtos locais eram muito baratos.Ficamos na casa do papai e da mamãe Gomez na cidade de Batangas. Nos divertimos bastante com nossos parentes e novos amigos. As festas eram intermináveis, cheias de karaokê. Mamãe e Esmeralda cantaram várias vezes. Era curioso como todos as incentivavam a cantar mais. Amo muito as duas. Mas, sendo sincero… cantam mal demais.Fomos a praias e fontes termais, vimos o vulcão Taal, passeamos de barco e pescamos. Também visitamos igrejas antigas, locais históricos e pontos turísticos. Todo dia tinha algo para esperar com ansiedade.—Eu amo este lugar. Me sint
POV EROSNunca tinha rezado tanto na minha vida, até agora. Chorava, pedindo a Deus que curasse a pequena Rubi. Era apenas um bebê e estava sofrendo com uma infecção viral muito grave. Era muito doloroso para nós. Sua vida estava em risco.Rubi foi levada para o quarto ao amanhecer. Mas os médicos e enfermeiros continuavam monitorando.— O pulso dela está enfraquecendo e a frequência cardíaca está diminuindo — informou o médico.Meu coração parou, quebrando-se em mil pedaços. Mas eu precisava ser forte por Celeste.— O que isso quer dizer? — perguntou Celeste, em pânico. Ela passou a noite inteira chorando, sem dormir e sem se alimentar direito. Eu temia que ela também ficasse doente.— Ela não está respondendo bem ao medicamento.— Meu Deus — Celeste me abraçou e escondeu o rosto no meu peito. — Não quero que nada aconteça com o nosso bebê.Se eu tivesse superpoderes... Se pudesse pagar qualquer valor pela saúde da nossa filha. Eu faria isso sem pensar duas vezes.— Façam tudo o que
POV CELESTE—Pronto, você parece a princesa Moana—. Girei Rubi em frente ao espelho de corpo inteiro para que ela pudesse ver seu reflexo.Seus olhos se arregalaram de incredulidade.—Moana!—. Apontou para si mesma no espelho. Provavelmente pensava que estava diante da verdadeira princesa Moana, e não dela mesma.—É você—. Dei uma risadinha e ajeitei a coroa de flores sobre seus cachos castanhos. —Está feliz?—Sim... obrigada, mamãe—. Ela assentiu entusiasmada enquanto mordia o dedo indicador, um hábito que não largou desde que os dentes nasceram.—Você está linda. Feliz aniversário, meu amor—. Ajoelhei e a abracei.Não pude evitar me emocionar ao vê-la tão feliz e saudável de novo. Lembrei o quanto esteve doente há apenas três meses. Foi uma experiência traumática para todos nós, sua família. O medo de perdê-la era real. Continuo rezando para que nunca volte a acontecer.—Vamos, vamos descer. Sua festa está te esperando.—Mamãe, o bolo! —Ela pulou e bateu palmas.Levantei e segurei s
POV CELESTETodo mundo estava se divertindo muito, especialmente Rubi, que não conseguia parar de rir alto a maior parte do tempo. Ela soprou as velas do bolo com a ajuda de Esmeralda, enquanto Wade estava ocupado tirando fotos da festa e conversando com seu primo Carter e seus dois melhores amigos, Ismael e Leonidas.Os jogos, o palhaço e os shows de mágica tinham acabado, então agora era hora de todos relaxarem. As crianças foram nadar com as babás de olho nelas. Os adultos aproveitaram o vinho e a sobremesa enquanto conversavam.Meus olhos se fixaram em Eros, que bebia cerveja com os caras, Iñigo e Ares. O pai dele, Markos, juntou-se a eles depois e trouxe uma garrafa de vinho envelhecido que tinha trazido da Itália. Eles riam, contavam piadas antigas e outras histórias, mas na maior parte do tempo, a conversa acabava indo para o assunto favorito deles: negócios.Eros percebeu que eu estava olhando para ele e me lançou um olhar questionador. Quando balancei a cabeça e sorri, ele me
POV CARLAAh, não! Vou me atrasar.Corria como louca, como se minha vida dependesse disso. Meu coração batia forte. Minha pele estava fria como gelo e o suor escorria pelas minhas costas.Ufa! Parei para recuperar o fôlego.Não podia perder o ônibus escolar. Tinha uma prova longa na primeira aula, que era matemática.Era nosso último ano no colégio e meu objetivo era tirar boas notas em todas as matérias para conseguir a bolsa da Universidade. Sendo órfã e sem ninguém para me sustentar, a bolsa era minha única chance de entrar na faculdade.Enxuguei o suor da testa e olhei as horas no meu relógio de pulso.Ah, não. Preciso correr mais rápido ou vou perder o ônibus.Ouvi a buzina de um carro atrás de mim. Era Angela Aguilar, minha meia-irmã.Angela abaixou o vidro do carro e gritou:—Corre mais, Carla!—. Sua risada ecoou no ar. Ela era a razão de eu estar correndo. Tinha me obrigado a passar o uniforme dela várias vezes para garantir que não ficasse um único amassado.Angela e eu tínha
POV WADE— Por que eu não posso ter meu próprio carro? Ismael e Leonidas têm os deles.— Já te disse pra esperar até fazer dezoito — respondeu meu pai, Eros Pedrosa. Todas as manhãs, a caminho do trabalho, ele leva a mim e à minha irmã Esmeralda, de doze anos, para a escola.— Eu faço dezoito mês que vem. Qual é o sentido de me fazer esperar se no fim você vai me dar mesmo?— Tenha paciência. Você tem sorte de alguém te levar pra escola todo dia. Olha aquela garota, imagina ter que acordar cedo pra pegar o ônibus escolar.Olhei para a garota a que ele se referia. Era Carla Morning. Observei sua aparência. Estava pálida e cansada, como sempre. Seu cabelo preto e longo caía desleixado nas costas e a franja espessa cobria sua testa enquanto ela encarava os próprios sapatos.— Eu nem reclamo de ter que esperar mais seis anos pra ter meu próprio carro — disse Esmeralda, revirando os olhos.— Claro. Você ainda é uma criança.— Você sabe que eu já não sou mais — Esmeralda elevou a voz. Sim,
POV CARLA—Não vão me dar os parabéns, meninas? — Mateo Borgeous, um dos meus melhores amigos, sentou-se na minha frente. Alto, magro e loiro. Era um dos nerds da escola: usava óculos grossos, moletom e um cachecol bordô o tempo todo.Eu estava no refeitório almoçando com minha melhor amiga, Lia.—Por quê? — perguntamos em uníssono.—Consegui o primeiro lugar na lista dos dez piores deste ano.—Uau! Parabéns — disse Lia a Mateo com sarcasmo. —A Carla também ficou em quarto lugar na lista das meninas.—Como sempre. O que tem de novo? — falei com um sorriso. —Parabéns, Mateo.Mateo se levantou e fez uma reverência para nós.—Obrigado. Obrigado, senhoritas.Nós três terminamos de comer. Rimos e tiramos sarro de nós mesmas. Sempre fazíamos isso em vez de nos sentirmos mal. Mateo e eu aprendemos a não deixar esse tipo de bullying nos afetar. Focamos em tirar boas notas.—Entendo o Mateo estar na lista. Ele é um nerd. Mas você, Carla, sério? Sei que sua irmã, aquela vadia, é a razão de você
POV WADE— Por que demorou tanto? Estou aqui esperando há uma hora — reclamou minha mãe, Celeste Pedrosa, assim que entrei no banco de trás do carro. O banco da frente estava cheio de suas coisas: sua bolsa marrom grande, um casaco grosso, o iPad, um copo de água e sacolas com biscoitos e castanhas. Com minha mãe, ninguém passa fome.Vi uma sacola do McDonald’s no banco de trás, em cima de uma caixa de compras. Peguei imediatamente e olhei o que tinha dentro.— Ei! Pega o hambúrguer e as batatas fritas. O sanduíche é pra Esmeralda — disse minha mãe olhando pelo retrovisor enquanto dirigia.Estava comendo o hambúrguer quando ela perguntou:— Como foi a escola?— Bem.— Hoje de manhã vi a mãe do Leonidas. Ela disse que o Leonidas reprovou na prova de Física. E você? Passou? — perguntou.— Claro. A prova estava difícil, mas passei.Vi minha mãe sorrir.— Estou muito orgulhosa de você, Wade. Você é um menino inteligente.Ai, ai. Se você soubesse, mãe.— Ah, também me contou que um garoto