Cap. 137 Agindo com calma.Aurora sentada no asfalto, na frente da pensão, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça levemente baixa. O rosto dela, mesmo parcialmente escondido, carregava uma tristeza tão crua que parecia atravessar a imagem.Andrews franziu o cenho, girando o telefone entre os dedos enquanto Donovan se aproximava, parando ao lado dele.— Ainda prefere guardar segredo... mesmo sofrendo, afinal... o que há de tão importante naquela casa velha para ela ir la? — Andrews comentou, a voz grave e fria. — Não consigo imaginar o que ainda a incomoda tanto. A situação da mãe dela já foi resolvida.Donovan cruzou os braços, olhando de relance para a tela do celular.— Ela tem uma vida bem complicada, Andrews. — falou em tom neutro. — E pelo que vi até agora… parece que isso vai além da mãe, Tem coisa que ela ainda não quer contar, já descobrimos sobre o padrasto, coisa que ela nunca comenta.Andrews ficou em silêncio por um momento, encarando a foto de Aurora como se pudess
Cap. 138 Ronald brinca com Aurora.— Aurora, o dinheiro que você mandou... não é suficiente. — a voz de Janete soou ríspida, quase impaciente. — Vamos precisar de mais.— Mas aquela quantia toda e você simplesmente esta dizendo que é pouco?— Você não trouxe nem um por cento do que estou precisando, você quer mesmo que isso chegue até Andrews? Mas ainda pior. Quer mesmo que eu entregue suas coisinhas preciosas para aquele homem? Você tem medo, não é? Que ele faça o mesmo com aquela menina? Olha... eu acho bem provável que ele faça isso, sabia que ele está foragido de novo? Que ele fez mais uma vítima? Homens como ele nem deveria estar vivo, não é?— Ele... — aurora piscou nervosamente sentindo as mãos tremer.— Claro! E ele esta atrás de você.... apenas faça o que estou te mandando, ok?— Certo... — ela concordou sem forças para debater.Aurora apertou o telefone contra o ouvido, seu coração afundando.Instintivamente, olhou para o cartão black que Andrews havia deixado. Ele tinha dit
Cap. 139 confiança quebradaAndrews observava a tela do celular, o maxilar travado.As fotos de Aurora com Ronald chegavam em sequência ela sendo puxada para dentro de um motel as fotos davam a entender que ela estava entrando de forma consentida, e a bolsa com o dinheiro que ela sacou do cartão que ele lhe deu.Donovan, do outro lado da sala, mantinha o olhar baixo, como se sentisse o peso daquela descoberta, observando Andrews com receio de forma furtiva.Então, o telefone de Andrews vibrou novamente. Era Janete.Ele atendeu no viva-voz, a voz fria e venenosa dela preenchendo o ambiente.— Eu avisei... — disse ela, sem rodeios. — Sua querida esposa está te roubando. Está vendendo as joias que você deu para ela e entregando tudo para o amante.— Cuidado para não acabar criando o filho de outro, Andrews.Ele não respondeu.Um silêncio duro pairou no ar até a ligação cair.— Você vai acreditar nela? — Donovan perguntou.— esses são os fatos, as fotos o saque que ela fez, e na mesma man
Cap. 140 mal de interpretarAndrews saiu do quarto com uma expressão fria, impassível, mas, por dentro, a raiva fervia como lava prestes a explodir.Assim que atravessou o corredor e entrou no escritório, não conseguiu mais se conter.Com um movimento brusco, ele passou o braço pela superfície da mesa, arremessando tudo no chão: papéis, canetas, o copo de vidro que se espatifou em mil pedaços, os objetos decorativos.O som estrondoso ecoou pela casa, mas ele não se importou.Respirando pesadamente, foi até a poltrona de couro, afundando-se nela.Cerrando os punhos, fechou os olhos com força, tentando encontrar algum controle dentro do caos que se instalava na sua cabeça.— Como ela se atreve... — ele murmurou para si, com a voz embargada de raiva e decepção. — Como ela se atreve a ir a um motel com outro homem... e ainda usar o meu dinheiro para dar a ele?Seus dentes rangiam. As veias de seu pescoço saltavam.Andrews passou as mãos pelo rosto com brutalidade, como se pudesse arrancar
Cap. 141 mãe de quem?O sol começava a se pôr quando Aurora saiu de casa.Do escritório, Andrews — ainda mergulhado em culpa e arrependimento — ouviu Donovan comentar, com um leve pesar:— Ela saiu, Andrews. Pegou uma bolsa e saiu sem dizer pra onde ia.Andrews apenas assentiu, encarando o vazio, incapaz de encontrar coragem para ir atrás dela.No entanto, uma inquietação latejava dentro dele e, pouco tempo depois, ele se viu seguindo os passos dela, mesmo sem que sua mente racional conseguisse impedir.Donovan não discordou. Também estava preocupado que ela pudesse correr perigo novamente. Assim, seguiram discretamente, após conseguirem sua localização através do rastreador no celular.Andrews conhecia aquele bairro, mesmo que tivesse estado lá apenas uma vez. A lembrança daquele dia era clara... e difícil de ignorar.— Só vamos interferir se algo acontecer — avisou, observando Aurora de longe.— Por que será que ela desceu do táxi tão longe? — Donovan perguntou, curioso.Andrews a o
Cap. 142: arrependimento pós ação.Com os punhos cerrados e olhos flamejantes, ele partiu para cima de Andrews sem hesitar, desferindo um soco direto em seu rosto.Andrews cambaleou com o golpe, mas logo se recuperou e retribuiu com igual força, fazendo o rapaz recuar alguns passos.— não toque na minha aurora! — o homem berrou, a voz carregada de raiva.Andrews avançou novamente, sem se controlar, enquanto aurora olhava sem reação massageando a têmpora demonstrando impaciência pelos dois atracados no chão.— e você não encoste na minha esposa! ela não é sua! — ele esbravejou, o tom brutal rasgando o ar.Num instante, os dois estavam no chão, rolando entre socos e empurrões, xingamentos misturados com grunhidos de fúria.A pequena menina começou a chorar alto, assustada com a cena, aurora a pegou em seus braços enquanto donovan correu em direção aos dois homens.A porta da pensão abriu-se violentamente, e a tia de Aurora surgiu correndo, a expressão horrorizada.— Mas o que é isso?! —
Cap: 143: uma historia escondida.— Porque não é uma história que se conte com facilidade — ela começou, seu tom mais brando. — A mãe da Aurora... nunca foi feita para ser mãe. Era egoísta, desleixada, e usava a casa como um motel barato para os homens que apareciam, Aurora por sorte tinha sido descartada em um internato onde ficou livre de todas as coisas que sua mãe fazia, exceto o seu irmão mais velho, que ficou com sua mãe.Andrews sentiu um aperto no peito. Havia algo na voz daquela mulher que doía mais do que as palavras em si, uma mistura de dor antiga e indignação que resistia ao tempo.— Aurora, desde muito nova, teve que ser mais do que uma irmã, pelo menos assim que voltou do internato. Ela foi tudo o que aquela menina tinha. Virou mãe quando ainda tinha só 16 anos. E quando o padrasto começou a... — a tia parou, como se a próxima palavra queimasse a garganta — a rondar a menina com outros olhos, Aurora entrou em guerra.Ela olhou Andrews nos olhos. Havia fogo ali.— Ela fu
Cap. 144 A verdade do porquê Andrews casou.— Ele tem toda razão — Andrews disse, finalmente, entrando na sala com passos firmes, mas comedidos, como quem carrega tempestades por dentro, mas se recusa a derrubá-las sobre os outros.O irmão de Aurora ergueu os olhos ao avistá-lo, e um sorriso largo se abriu em seu rosto. Era um sorriso sem desconfiança, sem mágoa, apenas o reflexo de quem ainda acredita nas pessoas.Andrews se aproximou devagar e se agachou ao lado deles, igualando sua altura à do rapaz. Seus olhos procuraram os dele, e quando falou, sua voz era baixa, mas continha uma força sólida, quase reverente:— Eu vou protegê-la. Com tudo o que eu sou. — Fez uma pausa, o olhar firme, sincero. — Então, como irmão mais velho dela, eu te peço, confie em mim, está bem?O jovem assentiu, e sua resposta veio sem hesitação:— Vou confiar em você, eu já confio em você senhor Andrews, cuide bem dela... — ele hesitou por um momento como se fosse tomado por pensamentos que queria afastar,