Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem.
Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.
Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.
Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse:
— Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.
— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.
Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enquanto sua mão esquerda acariciava a barriga. Nervosa e esperançosa, ela disse:
— Eu tenho algo para te contar.
— Eu tenho algo para te contar. — Roberto disse ao mesmo tempo.
Eles se entreolharam em silêncio.
Depois de alguns momentos, Roberto disse:
— Você fala primeiro então.
— Não, você primeiro. — Jaqueline respondeu, sabendo que era raro ele tomar a iniciativa de falar sobre qualquer coisa.
Cortando vagaroso os ovos no prato, ele finalmente disse:
— Eu já mandei preparar o acordo de divórcio. Vai ser entregue daqui a pouco. Se tiver algo que você não concorde, diga e faremos as alterações necessárias. Assine o mais rápido possível.
Jaqueline ficou paralisada, sua mente ficou subitamente vazia. Mesmo sentada na cadeira, ela quase caiu e até esqueceu de respirar.
— Você está dizendo que vamos nos divorciar? — Ela perguntou com a voz rouca, ainda incrédula, até beliscando secretamente sua própria perna, esperando acordar de um pesadelo.
— Sim. — Ele respondeu com uma calma que não tinha um pingo de afeto.
A mente de Jaqueline ficou completamente confusa.
Na noite anterior, eles ainda estavam fazendo a coisa mais íntima do mundo, mas agora ele estava propondo o divórcio de maneira tão casual!
Ela colocou a mão sobre a barriga, com os olhos um pouco úmidos.
— E se a gente tiver um...
— Ângela voltou para o país. Nosso casamento de conveniência deve terminar.
Jaqueline ficou em silêncio.
A vida doce do último ano quase a fez esquecer isso.
Eles se casaram por contrato. Desde o início, ela sabia que ele tinha outra mulher em seu coração e que eles eventualmente se divorciariam.
— Algum problema? — Ele manteve a mesma atitude calma e profissional o tempo todo, como se estivesse discutindo um contrato de negócios.
— Não.
Ela moveu a mão da barriga para a perna, agarrando firmemente a saia, quase furando a palma da mão com as unhas através do tecido fino.
Ele estava pedindo o divórcio, certamente não queria esse filho, caso contrário, aquela mulher ficaria chateada.
— Ah, e mais uma coisa. — Roberto lembrou de algo e acrescentou. — Diga à vovó que você não tem sentimentos por mim, que não é feliz comigo, por isso quer se divorciar.
Jaqueline forçou um sorriso e acenou com a cabeça.
— Tudo bem. — Ela respondeu.
Se ele dissesse a vovó sobre o divórcio, isso a deixaria furiosa.
Vendo a resposta calma da mulher, Roberto levantou ligeiramente os lábios. O sorriso era difícil de decifrar, talvez fosse de alívio ou de ironia.
— Isso também é verdade, você realmente não é feliz, agora pode se libertar.
— Sim. — Ela respondeu com esforço, a garganta doía como se estivesse cheia de chumbo, mal conseguindo emitir um som.
Isso era bom, não o deixaria com um fardo.
As sobrancelhas do homem se moveram ligeiramente, parecendo entender algo após obter a resposta. Ele também acenou com a cabeça gentilmente.
— Então, está bem.