VITTORIO
O diário pesava mais do que parecia. Não em gramas — em memórias. Em tudo que prometia revelar.
Fechei a porta do escritório e a tranquei. A lua já espiava pelas frestas da janela, mas eu não tinha tempo para sua beleza. Eu queria verdades. Apenas verdades.
Coloquei o diário sobre a mesa e encarei a capa gasta, a lombada frágil. As bordas estavam puídas, algumas páginas coladas pelo tempo. O cheiro era de papel antigo... e de coisas que talvez eu não estivesse pronto para saber.
Mas abri mesmo assim.
Folheei com cuidado, buscando o ano de nascimento de Mia.
A caligrafia era delicada, inclinada, feminina. O tipo de letra que se escreve com o coração escancarado — e as feridas expostas.