O Fio da Herança
Aaron Menezes
A minha determinação em ver Catarina evaporou assim que entramos no carro. O sarcasmo cortante de Lila havia atingido um nervo. Eu estava cego, sim. Cego pela lembrança de um amor adolescente e pela urgência de finalmente conquistar o que eu achava que me pertencia.
O motorista mal havia engatado a marcha quando meu celular tocou. Era um número brasileiro, o toque formal que eu havia reservado apenas para as secretárias de meu pai.
— Pare o carro. — Ordenei ao motorista, antes que a secretária pudesse completar a frase. Eu senti o peso do meu sobrenome me puxando de volta.
Lila franziu a testa, percebendo a seriedade do meu semblante. Ela sabia que eu não aceitava interrupções, especialmente do Brasil, a menos que fosse o mundo desmoronando.
Atendi. A voz da secretária, normalmente controlada, soava em pânico.
— Dr. Aaron, é o seu pai! Ele sofreu um infarto há duas horas! Está no Hospital... Tentamos localizá-lo...
O frio me atingiu. Não o luto,