A Ligação da Madrugada
Lila Duarte
Eu estava em Munique, mas minha cabeça estava a milhares de quilômetros de distância, presa no escritório de Aaron. O sucesso da minha vida profissional era o meu escudo público, e a fuga dos meus pais, a minha estratégia de sobrevivência, mas a verdade é que eu estava desmoronando na suíte de hotel.
Porque eu ainda estava presa a conversa que me fez revelar anos de um amor não correspondido.
O hotel era maravilhoso, o quarto fenomenal, à vista, um encanto a parte. No entanto, minha cabeça me levava a um homem que nunca saiu dela. Mesmo eu lutando com todas as forças para que ele fosse só a memória distante.
A garrafa de vinho tinto da Borgonha estava quase no fim, e o mundo girava suavemente a minha volta. Eu nem me lembrava do começo dessa decisão de beber, mas a dor me guiou nessa trama que eu tinha me enrolado. O álcool não era para me fazer esquecer; era para me dar coragem, a mesma que tive naquele almoxarifado. Coragem de pergunta