Charlotte
Depois de pensar melhor, cheguei à conclusão de que John não ia
fazer o que lhe pedi. Era lógico: perder seu papel de pai e esposo abnegado
era como perder seu orgulho. Mas necessitava confirmá-lo por mim mesma. Sabia que
John chegaria a trabalhar às seis da tarde, e sua maior debilidade nesse
instante era Greta, a humilde empregada da cafeteria, uma boa desculpa para
que ele chegasse cedo. Assim que decidi chamar Greta ao meu escritório.
Quando ela entrou, seus olhos
estavam cheios de lágrimas, seu rosto avermelhado e a cabeça baixa, cheia de
vergonha.
—A senhora me chamou, senhora Charlotte? —perguntou com a voz entrecortada.
—Sim, Greta, a chamei porque é muito importante que falemos sobre o
ocorrido no estacionamento. —Minha voz se suavizou; não havia rancores contra ela.
—Sim, senhora, sei que devo dar a cara pelo ocorrido. Perdoe-me por não
ter vindo antes sem que me chamasse. —A pobre mulher começou a chorar