CharlotteÀs vezes, nas horas mais silenciosas da noite, o eco dos meus próprios pensamentos se transforma em um peso insuportável. No meu quarto, sinto-me presa entre a opulência da mansão e o vazio que me consome, como se ambos os mundos estivessem em constante conflito. Enquanto contemplava meu reflexo no espelho, surpreendi-me com a frieza que se refletia em meu próprio rosto. Acariciei minha bochecha, percebendo a passagem cruel do tempo; senti que algo estava terrivelmente errado.Estava casada há três anos com o amor da minha vida, Frederick Maclovin, um famoso investidor. Ele era muito bonito, isso não se pode negar, mas sua personalidade deixava muito a desejar. Mas lá estava eu, loucamente apaixonada, perdida no que, no começo, foi um amor terno e verdadeiro.«Charlotte! Charlotte!» Os gritos de Magdalena me tiraram dos meus pensamentos. «Mexa-se, o que está esperando? Venha servir o café da manhã.» Minha sogra me tratava pior do que se eu fosse uma simples empregada domésti

Frederick MaclovinPalideci ao ouvir as palavras de Diane. Se ela está certa, eu precisava descobrir o que Charlotte estava fazendo aqui. Mas antes que eu pudesse mover um dedo, o anfitrião do evento pediu a todos que tomassem seus lugares para anunciar os empresários do ano. Enquanto ele falava no microfone, eu não conseguia me concentrar em nada além de Charlotte, observando como todos ao redor a elogiavam. E pensamentos confusos invadiram minha cabeça, como se eu estivesse caindo diante de seus encantos, encantos que eu jamais notei que ela pudesse ter quando éramos casados.«Será ela? Será minha Charlotte?» Pensava repetidamente.«Senhoras e senhores! O grande prêmio para a empresa agrícola do ano vai para a Indústrias Feldman», anunciou o anfitrião, apontando para Charlotte e Dora. Vi como elas se abraçavam e riam juntas antes de subir ao palco. A atenção de todos se voltou para elas.Só então comecei a prestar atenção quando Dora pegou o microfone.«Obrigada por este reconhecime

FrederickEu carregava a frustração do meu fracasso como um fardo pesado nas minhas costas que nem me deixava respirar, em que momento eu havia permitido tudo isso. Deprimido, retornei ao meu apartamento de solteiro, o lugar que antes havia usado para festas e encontros ocasionais. Agora, esse espaço pequeno deveria servir como refúgio para minha família, já que nossa vida de luxos havia desaparecido por completo.Ao chegar, encontrei toda minha família na sala principal, esperando-me com uma atitude nada amigável. Pareciam estar à espreita, prontos para atacar.«O que você resolveu, Frederick?» perguntou minha mãe, com os braços cruzados e um tom exigente.«O que você quer dizer com "resolver", mãe?» respondi, surpreso.«A situação em que estamos. Este apartamento de dois quartos é insuficiente. Só nos resta a fazenda, que fica longe da cidade. O que vamos fazer?»«Mãe, somos responsáveis pelas nossas más decisões e por uma péssima administração financeira. Estamos em falência, e não

CharlotteMagdalena engoliu em seco, lançando um olhar furtivo para o filho, que estava claramente desconfortável e se sentia ridículo diante da mulher com quem havia sido casado, e que aparentemente nunca havia querido. Essa imagem de perdedor era o que alimentava meus desejos de vingança, pois, por mais que eu desejasse, não podia esquecer a dor causada por eles.Frederick não aguentou mais e dirigiu-se diretamente a mim. Ele se aproximou tanto que me surpreendeu completamente. Senti sua respiração roubar-me o ar. E meus nervos me pregaram uma peça. Eu amava o aroma do meu ex-marido, e agora me confrontava com ele.«O que você pretende com tudo isso, mulher?» perguntou Frederick desafiador. Não pude evitar sustentar o olhar dele, mas me senti como se tivesse perdido a voz. Não conseguia pronunciar uma única palavra. «Diga-me, Charlotte!» insistiu.Dei dois passos para trás, tentando não perder a compostura. Um sorriso hipócrita surgiu em meu rosto enquanto eu tentava suavizar a situ

CharlotteUm toque de batom vermelho nos lábios, um pouco de blush nas bochechas e algumas mechas onduladas caindo sobre os ombros. Eu já estava pronta para voltar à empresa e dar as boas-vindas aos Maclovin.«Você está linda, meu amor, a que se deve tanta elegância?» perguntou mamãe, surpresa ao me ver assim.«Bom dia, mamãe, não a senti entrar.»«Fiz isso há pouco, mas você estava tão concentrada em frente ao espelho... Que linda!»«Estou igual a sempre, mamãe. Bem, com um par de olheiras gigantes», tentei brincar, enquanto dava o toque final à minha maquiagem, tentando disfarçar as manchas roxas debaixo dos meus olhos. «Não consegui dormir a noite toda.»«Por que você não dormiu, meu amor? Está doente?»Fiquei em silêncio. A única razão pela qual eu não havia pregado o olho a noite toda tinha nome: Frederick Maclovin.«Nada importante, mamãe. Só um pouco de ansiedade, a mudança de cidade me deixou um pouco desorientada, não é nada mais», menti, sem querer aprofundar.«Você sabe que