Capítulo 36
O relógio marcava 17h40 quando Augusto, com a postura impecável de sempre, passou por ela.
— Amanhã, no primeiro horário, quero o relatório das finanças da filial do Rio — disse, firme. — Organize tudo para a viagem.
Seguiu para o elevador sem esperar resposta.
Eloise, que já desligava o computador e organizava documentos para ir embora, apenas anotou na agenda, como quem grava mentalmente um lembrete importante.
Ao chegar em casa, abriu a porta devagar, sentindo o corpo inteiro protestar depois de um dia que parecia não ter fim. A primeira coisa que a recebeu não foi o silêncio da casa, mas o cheiro familiar de comida caseira.
Na cozinha, o pai estava de avental, mexendo a panela com um sorriso orgulhoso.
— Chegou bem na hora — disse ele, servindo o arroz e o strogonoff com a naturalidade de quem sabe cuidar. — Fiz do jeito que você gosta.
O aroma cremoso, misturado ao cheiro de batata-palha recém-aberta, trouxe memórias rápidas da infância — almoços de domingo, r