O Segredo
A segunda-feira amanheceu diferente para Augusto Monteiro.
O sol parecia mais claro, o ar mais leve — e, pela primeira vez em muito tempo, ele acordou com a sensação de estar fazendo algo realmente certo.
O relógio marcava oito e meia quando o corretor colocou o contrato sobre a mesa de vidro do escritório.
Assinaturas, carimbos, papéis trocados — e pronto.
Augusto ajeitou o paletó, recostando-se na cadeira. Um sorriso discreto surgiu, o tipo de sorriso raro, que nascia de dentro e não precisava ser mostrado a ninguém.
— Parabéns, senhor Monteiro — disse o corretor, recolhendo as pastas. — Uma das propriedades mais bonitas do condomínio. O jardim, então... uma joia.
— É por isso mesmo que escolhi essa. — respondeu, sem esconder o orgulho. — Quero que cada flor ali conte uma história.
O corretor apenas assentiu, sem entender o peso real daquelas palavras.
Assim que ficou sozinho, Augusto respirou fundo, encostando as mãos no tampo da mesa.
A imagem de Elo