Fissuras na Mentira
A cabeça latejava como se um martelo batesse em seu crânio.
Augusto Monteiro abriu os olhos devagar, apenas para ser ofuscado pela claridade que entrava pelas frestas da cortina. O corpo pesado, o paletó jogado no chão, a garrafa de whisky vazia sobre a mesa de centro… e ele, largado no sofá, como um derrotado qualquer.
Levou a mão à têmpora, apertando com força. A dor não vinha só da ressaca — vinha da lembrança que queimava por dentro.
Os olhos dela.
Aqueles olhos castanhos marejados, que ele jamais esqueceria.
O momento em que Eloise o viu com a mão na cintura de Thamires.
A dor crua estampada no rosto dela era o reflexo perfeito da dor que ele mesmo carregava no peito.
— Merda… — rosnou baixo, passando as mãos pelo rosto.
Precisava parar com aquilo. Precisava sair desse ciclo de autodestruição. Não era esse o homem que ele tinha prometido a si mesmo ser.
Ele era Augusto Monteiro.
O implacável.
O nome que o mercado temia, o homem que nunc