O clima na clínica tinha mudado. Não era mais só sobre auditoria, relatórios ou assinaturas, havia algo no ar, denso, elétrico, prestes a estourar. Depois que Lucas saiu da sala, batendo a porta com mais força do que pretendia, o silêncio ficou espesso. Melissa, ainda de pé ao lado de Camille, respirou fundo, recompondo o próprio semblante.
— Bom, a mentira dele é péssima, mas pelo menos serve para nos dizer uma coisa importante.
Camille ergueu os olhos.
— Qual?
Melissa apontou para a porta por onde Lucas saíra.
— Que tem muita coisa acontecendo… e ele está desesperado para continuar no controle.
Antes que Camille pudesse responder, a voz de Adam se fez ouvir com calma controlada:
— Eu vou falar com ele.
Havia algo na forma como ele disse aquilo que fez Melissa virar devagar para encará-lo direito pela primeira vez. Ela avaliou Adam de cima a baixo, como quem finalmente tinha tempo para montar o quebra-cabeça. Alto. Postura impecável. Olhar firme, mandíbula marcada, aquele tipo de ele