Ethan entrou no restaurante luxuoso com a postura firme de quem estava acostumado a controlar a situação. Escolheu uma mesa próxima à janela, com vista para a cidade iluminada. Mas, enquanto a movimentação do local transmitia uma sensação de normalidade, sua mente estava concentrada no que estava prestes a acontecer. O convite de Lucas para o encontro não era uma simples tentativa de reconciliação. Ele sabia que o irmão não fazia nada sem segundas intenções.
O ambiente era elegante e silencioso, com um fundo de música clássica que contrastava com a tensão crescente dentro de Ethan. Ele dispensou a oferta de vinho do garçom e optou por água com gás, mantendo o foco. Lucas sempre soubera como mexer com seus nervos, e Ethan precisava estar no controle.
Depois de quinze minutos de espera, Lucas finalmente apareceu. Ele entrou no restaurante como se fosse a estrela principal de um espetáculo, vestindo uma jaqueta de couro e exibindo um sorriso preguiçoso. Seu olhar rapidamente encontrou o de Ethan, e ele caminhou até a mesa com uma calma irritante.
— Ethan, meu querido irmão! — disse Lucas, abrindo os braços como se fosse um reencontro caloroso.
Ethan permaneceu imóvel, sua expressão impenetrável.
— Lucas. Sente-se.Lucas riu baixinho e ocupou a cadeira em frente, ajeitando-se como se fosse o dono do lugar.
— Que frieza. Você nunca muda, não é?— Vamos direto ao ponto. O que você quer? — respondeu Ethan, com um tom cortante.
Lucas fingiu analisar o cardápio, claramente se divertindo com o desconforto de Ethan.
— E se eu dissesse que sinto falta da família? Que só quero conversar como nos velhos tempos?Ethan estreitou os olhos, cruzando os braços.
— Os velhos tempos? Você quer dizer quando você destruía tudo e eu tinha que consertar? Ou quando você desaparecia e deixava os problemas para mim?O sorriso de Lucas diminuiu por um instante, mas ele logo voltou ao tom provocador.
— Sempre dramático, não é? Mas, já que quer ir direto ao ponto... Estou de volta porque percebi que sinto falta da família.— Família? — Ethan soltou uma risada curta. — Você só se importa consigo mesmo. Então, vamos cortar a conversa fiada. O que você realmente quer?
Lucas inclinou-se para frente, seu tom de voz ficando mais sério.
— Quero o que é meu por direito. Uma parte desse império que você monopolizou.Ethan não recuou.
— Você perdeu esse direito quando traiu nossa família. E sabe disso.Lucas se recostou na cadeira, um brilho perigoso nos olhos.
— Você gosta de contar essa história como se fosse o herói, não é? O filho perfeito, o salvador do legado Blackwood. Mas eu sei a verdade, Ethan. E, em breve, todos saberão também.Ethan cerrou os punhos, mas manteve a compostura.
— Você não vai destruir o que nosso pai construiu, Lucas. Eu não vou deixar.Lucas sorriu, inclinando-se levemente para ele.
— Não preciso destruir nada, irmão. Só preciso de tempo.Enquanto Ethan e Lucas se enfrentavam no restaurante, Sophia estava em casa, tentando focar no trabalho. Mas sua mente voltava repetidamente para a conversa que tivera com Lucas no café. Ele era um manipulador, disso ela não tinha dúvidas. Mas havia algo em suas palavras que a deixava desconfortável.
O som do celular vibrando a tirou de seus pensamentos. Era uma mensagem de Ethan:
"A conversa com Lucas está indo como esperado. Ele está jogando. Voltarei para casa mais tarde."Ela suspirou, deixando o telefone de lado. A tensão entre os irmãos parecia uma tempestade prestes a explodir, e ela estava presa bem no meio disso.
De volta ao restaurante, a conversa entre Ethan e Lucas estava longe de acabar.
— Sempre foi assim, Ethan. Você controla tudo, acha que pode resolver todos os problemas sozinho. Mas sabe o que você nunca conseguiu resolver? Você mesmo. É por isso que está perdendo Sophia — disse Lucas, sorrindo como se tivesse acabado de fazer um ponto certeiro.
Ethan ficou em silêncio por um momento, mas seus olhos queimavam de raiva.
— Sophia não é da sua conta.— Não? — Lucas riu. — Porque ela parece cada vez mais distante de você. Talvez ela esteja percebendo que merece mais.
Ethan se inclinou sobre a mesa, sua voz baixa e firme.
— Fique longe dela, Lucas. Isso não é um pedido.Lucas levantou-se, o sorriso desaparecendo por um instante.
— Talvez seja tarde demais para isso.Ethan o encarou, mas sabia que reagir com raiva seria exatamente o que Lucas queria. Ele respirou fundo e, sem dizer mais uma palavra, levantou-se e deixou o restaurante.
Quando Ethan chegou em casa naquela noite, encontrou Sophia adormecida no sofá. Ele ficou parado por um momento, observando-a. Ela parecia tranquila, mas ele sabia que, por dentro, carregava dúvidas que ele havia ajudado a criar.
Cobriu-a com um cobertor e sentou-se ao lado dela. Seus pensamentos eram um turbilhão. Lucas não era apenas uma ameaça à sua empresa; ele era uma ameaça ao que mais importava para Ethan: Sophia.
Sophia abriu os olhos lentamente, vendo Ethan ao seu lado.
— Você está bem? — perguntou ela, a voz baixa e sonolenta.Ethan segurou sua mão, apertando-a levemente.
— Estou. Só... pensando em como melhorar as coisas.Ela sorriu levemente, mas havia uma hesitação em seus olhos.
— Isso já é um começo.Ethan sentiu o peso das palavras dela, prometendo a si mesmo que não deixaria Lucas vencer. Não importava o que fosse necessário, ele protegeria Sophia — de Lucas e de si mesmo.