Isabelle despertou num silêncio quase sagrado. O relógio marcava seis horas da manhã; a casa ainda dormia sob a luz suave de outono. Por um instante, manteve os olhos fechados e deixou que a memória dos últimos dois anos lhe aquecesse o coração: o modo como assumira o império de Matteo, presidindo reuniões de acionistas, visitando os laboratórios de biotecnologia, inaugurando centros de pesquisa filantrópica. Recordou também as risadas de Catherine nas manhãs em que aprendia a falar francês e inglês ao mesmo tempo, e as palavras de Sophie incentivando-a a continuar, a ser não apenas a mulher que sucedera um grande magnata, mas a líder atenta, a mãe dedicada e o farol de esperança que a sociedade passara a admirar.

Levantou-se com serenidade. O sabonete perfumado de lavanda ainda exalava no banheiro, e, enquanto o vapor espelhava seus próprios pensamentos, ela se vestiu num tailleur cinza claro — a mesma cor com que recebera o editor-chefe do Le Temps há poucos dias. Caminhou até o ant