Anna
Acordo cedo, como sempre nos sábados. Mesmo que o corpo implore por mais algumas horas de sono, minha mente já está alerta. São seis e quarenta da manhã quando coloco os pés no chão frio do quarto. Alongo o corpo com um suspiro e sigo até a cozinha.
Faço café, coloco o pão para aquecer, e deixo a mesa pronta com a tranquilidade de quem já repetiu esse ritual centenas de vezes. Depois, vou até o quarto do meu pai. Ele ainda dorme, com o aparelho de oxigênio ligado, a respiração lenta e constante.
Enquanto ele descansa, aproveito para varrer a casa, passar um pano nas superfícies e colocar as roupas na máquina. Em dias assim, gosto de manter tudo em ordem. É como se a organização ao redor ajudasse a acalmar o caos que existe aqui dentro.
Quando meu pai acorda, ajudo com a higiene, troco a roupa dele, ajeito os travesseiros e sirvo o café na bandeja.
— Nada como um café de manhã— Ele sorri, fraco, mas sincero.
—Dormiu bem?
— Como um anjo. E você? Está com uma carinha de quem sonhou