Meu coração despenca.
Raul
Ainda estou no estacionamento.
O vento esfria mais. A noite engole os prédios com uma lentidão quase cruel. Minha cabeça pulsa. As palavras dela ainda ecoam como socos bem dados:
"Eu ainda estou aqui. Mas não por muito tempo."
Fecho os olhos, tento respirar. Tento não sentir.
Mas então o celular vibra no bolso.
Dara.
Abro a mensagem, e o impacto vem seco. Sem alarde.
“Oi, amor. Você pode vir aqui hoje? Eu queria te mostrar uma coisa. Só se for agora. Não quero estar sozinha.”
Meu coração despenca.
Não é uma daquelas mensagens comuns. Não é sobre o jantar. Nem sobre como foi o dia.
É um pedido. Um sussurro de alguém tentando se manter de pé com o que resta de si.
Entro no carro quase sem pensar. Ligo o motor. O rádio está desligado, mas o silêncio parece ainda mais barulhento. Dirijo rápido, os dedos apertando o volante até os nós ficarem brancos.
No caminho, penso nela. Penso em Dara. Na força com que ela enfrenta tudo isso. E no medo que ela esconde tão bem, até mesmo de mim.
Qu