PONTO DE VISTA DE RAFAEL
Essa noite, fiquei esperando ela chegar, meio ansioso. Tipo quando a gente planta uma coisa e torce pra dar certo. A casa tava arrumada, luz baixa, um cheiro gostoso no ar. E eu só pensava: "Que ela entre. Que ela fique aqui comigo essa noite." Quando a campainha tocou, respirei fundo antes de abrir. Ela tava demais. Um vestido leve de algodão, a pele brilhando na luz da varanda, o cabelo solto e os olhos... ah, aqueles olhos que falavam tudo. Nem precisou dizer nada.
O jeito que ela olhou já era um "hoje vai acontecer". "Oi," ela falou baixinho. "Entra." Ela passou por mim devagar, quase nos esbarramos, mas não aconteceu.
Fechei a porta e ficamos nos olhando por um tempão, um silêncio cheio de segundas intenções. Queria falar um monte de coisa que tava na minha cabeça.
Mas acho que o silêncio dizia mais. Ela foi pra sala, e eu fui atrás. Parei na frente dela e coloquei a mão na cintura dela.
"Você tem certeza?" Ela balançou a cabeça, os olhos brilhando.