“O Natal não é uma estação. É um sentimento.”
— Edna Ferber
Enzo passou alguns dias em silêncio.
Ficava no quarto compondo, ensaiando, mas, no fundo, digerindo as palavras que a mãe havia soltado sem pensar. “Às vezes penso se realmente deveria ter tido um filho” ecoava como um refrão indesejado. Ele sabia que, muitas vezes, era a dor dela falando. A ferida nunca curada. Mas isso não tornava mais fácil carregar.
Ele já fazia tudo certo. Era o filho que todos gostariam de ter — menos ela.
E mesmo assim, não desistia.
No dia 23, o celular vibrou em cima da mesa. Era uma mensagem de Ayla:
“Vem passar o Natal com a gente amanhã? Vai ser especial. Chama seus pais também, se puder. Vai ter ceia, lareira e bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro. 💛”
Enzo sorriu. Quase respondeu de imediato, mas ligou.
Conversaram por alguns minutos. A voz dela era um abraço depois de um dia frio. Ela disse que seus pais adorariam recebê-los. Enzo hesitou ao mencionar os próprios.
Quando desligou, foi fa