Na manhã seguinte, quando Marília abriu os olhos, não havia mais ninguém ao seu lado. A cama já estava fria; ele devia ter saído há muito tempo.Ela permaneceu deitada por um bom tempo antes de se levantar. Ao abrir as cortinas, o sol lá fora já brilhava intensamente.Espreguiçou-se. Talvez por ter dormido bem, seu humor estava ótimo. Depois de se lavar no banheiro, pegou o celular para ver as horas. Já passava das dez.Ele devia ter ido trabalhar.Marília abriu a porta do quarto e saiu. Leandro estava entrando pela varanda, e os olhares dos dois se encontraram. Ela piscou, surpresa:— Você não foi trabalhar?— Estou de folga hoje.Era a primeira vez que Marília via Leandro tirar uma folga em um dia útil. Ela não perguntou mais nada, apenas assentiu com a cabeça.Leandro acrescentou:— Vamos tomar café da manhã.Na mesa havia uma garrafa térmica com o café ainda quente. O café da manhã estava impecável: leite, pão de queijo, bolo de milho, sanduíches, e, em outra térmica, ainda havia p
Marília olhou para o anel com desgosto. Ela definitivamente não ficaria com ele. Pensou por um momento e disse: — Vende. Normalmente, as lojas de luxo que trabalham com peças de segunda mão as aceitam. Você pode doar o dinheiro da venda. Leandro assentiu com a cabeça e respondeu: — Tá bom. — Estendeu a mão e pegou o anel. Ao vê-lo tão obediente, os cantos da boca de Marília se curvaram levemente, e seu rosto finalmente perdeu a frieza. Leandro dirigiu até o centro da Praça Internacional do Ouro. Assim que entrou no shopping, olhou o mapa do local e a conduziu até o nono andar, onde ficavam as lojas de grife. Marília conhecia bem aquela área, mas mal falou durante o trajeto, apenas seguiu silenciosamente o homem. Embora fosse um dia útil, o shopping estava relativamente movimentado, especialmente no andar das lojas de luxo. Havia vários casais jovens de mãos dadas. Comparados à intimidade e felicidade dos outros, ela e Leandro realmente não pareciam um casal. Essa era
Mas Leandro logo soltou a mão dela.— E agora, para onde você quer ir?Marília conhecia aquele lugar bem demais, não havia mais nada que quisesse ver.— Vamos voltar.Leandro lançou-lhe um olhar profundo e curvou os lábios:— Tudo bem. Quando chegarmos, vou assistir a um filme com você.Marília fingiu que não entendeu a insinuação nas palavras dele e, sem responder, seguiu em direção ao elevador.Assim que entrou no carro, o celular em sua bolsa começou a tocar. Ela o pegou e deu uma olhada: era Selma ligando. Atendeu.— Hoje é o dia da minha exposição. Por que você não veio?Marília ficou um pouco confusa:— Você não tinha me avisado...— Eu te mandei uma mensagem faz uma semana, tá? Não viu de novo, né?Uma semana atrás?Marília abriu o WhatsApp, clicou na conversa com Selma, rolou a tela para baixo e viu que, de fato, havia um convite.— Desculpa. Eu não vi.— Você sempre faz isso...— Tô indo agora.Ao ouvir que Marília iria, Selma se acalmou:— Então vem logo, tô te esperando.Ass
Leandro franziu a testa e não disse nada. Além de Selma, estavam ao redor dela mais sete ou oito amigas. Vários olhares se voltavam para o grupo, acompanhados de cochichos. Leandro era o único homem presente no evento naquele dia. Ele não gostava muito de lidar com mulheres, e o ambiente carregado de diferentes perfumes fazia suas têmporas pulsarem.Como Leandro não lhe deu atenção, Selma foi conversar com Marília. Leandro permaneceu ao lado, parecendo um mero enfeite decorativo.Marília também não gostava de estar cercada por tanta gente. Depois de trocar algumas palavras, ela disse: — Vá cuidar das suas coisas. Eu e o Leandro vamos dar uma olhada nos quadros.— Tudo bem. Se gostar de algum, eu te dou um descontinho! Selma respondeu com um sorriso radiante e se afastou com suas amigas.Exposições organizadas por jovens ricas costumavam ser uma forma de autopromoção. Marília não entendia muito de arte, mas tinha visto na placa à entrada que a renda obtida com a venda das ob
Marília sempre fora bonita desde pequena, chamando atenção onde quer que fosse. Quando apareceu vestida com um vestido de gala verde-claro estampado com borboletas de bambu, o barulho na sala privativa cessou de repente. Todos se reuniram ao seu redor, cheios de elogios. Marília olhou ao redor, mas não viu a pessoa que queria encontrar. Alguém percebeu seu olhar e brincou: — Está procurando o Anselmo? — Marília nem teve tempo de negar, e a pessoa continuou. — O Anselmo com certeza está preparando uma surpresa para você agora! — Surpresa? — Perguntou Marília, confusa. A outra pessoa respondeu com um olhar misterioso: — Você realmente ainda não sabe? Olhando para o rosto de Marília, brilhante e refinado, e para o vestido de gala que parecia ganhar vida com sua presença, todos sentiam uma admiração que aquecia o coração. A beleza dela era de uma sofisticação e harmonia quase poéticas. Apesar de uma pontada de inveja no fundo, todos mantinham uma expressão amigável. — Ac
No bar. Leandro olhou para o relógio. Já estava na hora. Ele se levantou, pronto para ir embora. Diógenes Lima ficou surpreso: — São só nove horas, já vai embora tão cedo? — Não tem mais graça. — Como assim não tem mais graça? Olha quantas mulheres bonitas! Isso aqui não é muito melhor do que fazer plantão no hospital? — Diógenes se levantou e passou o braço pelo ombro de Leandro, apontando para os jovens que dançavam colados na pista de dança. — Olha só como eles estão se divertindo. Você não sente nem um pouco de inveja? Leandro nem levantou as pálpebras. Apenas lançou um olhar frio para o braço que repousava sobre seu ombro e respondeu, com indiferença: — Tira a mão. O olhar inexpressivo de Leandro deixou Diógenes ligeiramente assustado, mas ele sabia que não tinha escolha. Leandro era o rosto mais atraente do departamento deles. Se não fosse por ele ter trazido Leandro hoje, eles jamais conseguiriam pegar o número de WhatsApp das garotas. Diógenes imediatamente
— Não ache que só porque eu te chamei de tio, você é realmente meu tio. Não se meta nos meus assuntos! Marília saiu da banheira com dificuldade. Será que ela estava maluca? Por que tinha vindo ao hotel com ele? Ela sabia muito bem que ele nunca fora sido amigável com ela. — Você vai sair assim? A voz do homem soou às suas costas, carregada de um tom indecifrável. Marília parou de repente, prestes a abrir a porta, e olhou para si mesma. Seu corpo estava completamente molhado, e o tecido fino do vestido de noite de verão estava grudado à sua pele, desconfortável e revelador. Até mesmo os adesivos de seios estavam desalinhados, deixando algo bastante chamativo à vista. Não havia como sair daquele jeito. Apertando a maçaneta da porta com mais força, Marília usou uma mão para cobrir o peito e abriu a porta. Ela não saiu. Com frieza, ordenou que ele fosse embora: — Saia. Quero descansar aqui! Leandro tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. Acendeu o cigarro e deu uma t
Leandro disse que a esperaria do lado de fora. Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas. Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la. "Ele deve ter ido embora", pensou. Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela. Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem. Leandro apagou o cigarro que segurava. — Vamos tomar café da manhã. Ele foi o primeiro a sair andando. Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância. O restaurante ficava no térreo. Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio. Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu. Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mex