Esposa?Neide olhou ao redor da loja. Hoje não havia outras clientes, apenas as quatro ali. E as quatro... todas solteiras! Ela estava prestes a perguntar se a pessoa não havia se confundido, quando viu Marília se aproximar: — O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela. As outras duas, que estavam distraídas no celular, levantaram a cabeça ao ouvir isso. Neide olhou para Marília e depois para o homem alto e bonito que estava diante dela, surpresa: — Mimi, você se casou?Marília nunca havia contado às colegas que tinha se casado no civil. Ela assentiu levemente com a cabeça e, em seguida, disse friamente ao homem: — Vamos conversar lá fora. Ela deu o primeiro passo em direção à saída, e Leandro a seguiu. Quando estavam do lado de fora, Marília se virou e perguntou: — Você veio falar sobre o divórcio? Leandro franziu a testa e respondeu em um tom sério: — Não acho que tenhamos chegado a esse ponto. Marília soltou uma risada irônica, cheia de raiva: — Então
— Foi culpa minha.Nesse momento, a porta do camarote foi aberta por fora. Um garçom entrou, segurando um grande buquê de rosas. Marília viu o garçom entregar o buquê a Leandro. Leandro estendeu as flores para ela. Marília mordeu os lábios. — Foi ideia da Helena? — Não, foi do Miguel. — Leandro observava atentamente a expressão dela. — Ele disse que toda garota gosta de flores. Eu queria te agradar. Miguel era o assistente pessoal de Leandro. Ela sabia que Leandro jamais se lembraria, por conta própria, de lhe dar flores. — Você já deu flores para a Helena antes? — Não. — Leandro não era bobo, reagiu rapidamente e acrescentou. — É a primeira vez que dou flores para uma mulher. Ao ouvir que era a primeira vez, a expressão de Marília suavizou um pouco. Ela estendeu a mão, pegou o buquê e cheirou as flores. — Se você gostar, posso te dar flores todos os dias. Marília levantou os olhos e lançou um olhar para o homem; era óbvio que ela percebia a tentativa dele de ag
Marília repetiu novamente a palavra "divórcio".O rosto de Leandro escureceu, com seus olhos negros como tinta fixos nela.Marília o encarou, esperando uma resposta.Cinco segundos se passaram. Ou talvez dez. Então o homem disse:— Tá bom.Marília sorriu de leve:— Então você concorda com o divórcio?Os lábios finos de Leandro imediatamente se cerraram em uma linha reta, e sua expressão ficou ainda mais pesada:— De agora em diante, vou me afastar dela.Marília assentiu com a cabeça:— É bom que não esteja mentindo. Se estiver, eu juro que me divorcio de você. — Dito isso, ela se levantou.Depois que Leandro pagou a conta, a levou de volta ao trabalho, na Praça Internacional do Ouro.Marília deixou as flores no carro dele e subiu com quatro copos de café. Também havia comprado quatro pedaços de bolo.Assim que entrou na loja, Neide a interceptou:— Fala a verdade, quando foi que você casou?As outras duas colegas estavam fora, almoçando, então só Neide estava presente.Marília lhe entr
A mãe de Helena roubou o pai dela, então ela roubaria o homem de quem Helena gostava.Zélia entendeu o que ela queria dizer. Também conseguia compreender o ódio no coração de Marília. Se estivesse em seu lugar, provavelmente teria feito o mesmo. Sem dizer mais nada, ajudou Marília a arrumar as coisas e a acompanhou até a porta....Marília voltou para casa com Leandro. No caminho, os dois quase não trocaram palavras. Subiram as escadas em silêncio.Leandro levou a mala dela até o quarto e, em seguida, saiu.Marília percebeu que Leandro estava um pouco frio com ela. Certas coisas, quanto mais se pensa, mais o coração aperta. Marília só podia se forçar a não pensar demais.Como já não era cedo, ela colocou as flores no vaso e foi direto tomar banho. Deixaria para arrumar a bagagem no dia seguinte.Depois do banho, enrolada no roupão, Marília abriu a porta e saiu. Foi então que percebeu um homem sentado em sua cama.Leandro já tinha tomado banho.Marília olhou nos olhos dele. Certas coisa
Na manhã seguinte, quando Marília abriu os olhos, não havia mais ninguém ao seu lado. A cama já estava fria; ele devia ter saído há muito tempo.Ela permaneceu deitada por um bom tempo antes de se levantar. Ao abrir as cortinas, o sol lá fora já brilhava intensamente.Espreguiçou-se. Talvez por ter dormido bem, seu humor estava ótimo. Depois de se lavar no banheiro, pegou o celular para ver as horas. Já passava das dez.Ele devia ter ido trabalhar.Marília abriu a porta do quarto e saiu. Leandro estava entrando pela varanda, e os olhares dos dois se encontraram. Ela piscou, surpresa:— Você não foi trabalhar?— Estou de folga hoje.Era a primeira vez que Marília via Leandro tirar uma folga em um dia útil. Ela não perguntou mais nada, apenas assentiu com a cabeça.Leandro acrescentou:— Vamos tomar café da manhã.Na mesa havia uma garrafa térmica com o café ainda quente. O café da manhã estava impecável: leite, pão de queijo, bolo de milho, sanduíches, e, em outra térmica, ainda havia p
Marília olhou para o anel com desgosto. Ela definitivamente não ficaria com ele. Pensou por um momento e disse: — Vende. Normalmente, as lojas de luxo que trabalham com peças de segunda mão as aceitam. Você pode doar o dinheiro da venda. Leandro assentiu com a cabeça e respondeu: — Tá bom. — Estendeu a mão e pegou o anel. Ao vê-lo tão obediente, os cantos da boca de Marília se curvaram levemente, e seu rosto finalmente perdeu a frieza. Leandro dirigiu até o centro da Praça Internacional do Ouro. Assim que entrou no shopping, olhou o mapa do local e a conduziu até o nono andar, onde ficavam as lojas de grife. Marília conhecia bem aquela área, mas mal falou durante o trajeto, apenas seguiu silenciosamente o homem. Embora fosse um dia útil, o shopping estava relativamente movimentado, especialmente no andar das lojas de luxo. Havia vários casais jovens de mãos dadas. Comparados à intimidade e felicidade dos outros, ela e Leandro realmente não pareciam um casal. Essa era
Mas Leandro logo soltou a mão dela.— E agora, para onde você quer ir?Marília conhecia aquele lugar bem demais, não havia mais nada que quisesse ver.— Vamos voltar.Leandro lançou-lhe um olhar profundo e curvou os lábios:— Tudo bem. Quando chegarmos, vou assistir a um filme com você.Marília fingiu que não entendeu a insinuação nas palavras dele e, sem responder, seguiu em direção ao elevador.Assim que entrou no carro, o celular em sua bolsa começou a tocar. Ela o pegou e deu uma olhada: era Selma ligando. Atendeu.— Hoje é o dia da minha exposição. Por que você não veio?Marília ficou um pouco confusa:— Você não tinha me avisado...— Eu te mandei uma mensagem faz uma semana, tá? Não viu de novo, né?Uma semana atrás?Marília abriu o WhatsApp, clicou na conversa com Selma, rolou a tela para baixo e viu que, de fato, havia um convite.— Desculpa. Eu não vi.— Você sempre faz isso...— Tô indo agora.Ao ouvir que Marília iria, Selma se acalmou:— Então vem logo, tô te esperando.Ass
Leandro franziu a testa e não disse nada. Além de Selma, estavam ao redor dela mais sete ou oito amigas. Vários olhares se voltavam para o grupo, acompanhados de cochichos. Leandro era o único homem presente no evento naquele dia. Ele não gostava muito de lidar com mulheres, e o ambiente carregado de diferentes perfumes fazia suas têmporas pulsarem.Como Leandro não lhe deu atenção, Selma foi conversar com Marília. Leandro permaneceu ao lado, parecendo um mero enfeite decorativo.Marília também não gostava de estar cercada por tanta gente. Depois de trocar algumas palavras, ela disse: — Vá cuidar das suas coisas. Eu e o Leandro vamos dar uma olhada nos quadros.— Tudo bem. Se gostar de algum, eu te dou um descontinho! Selma respondeu com um sorriso radiante e se afastou com suas amigas.Exposições organizadas por jovens ricas costumavam ser uma forma de autopromoção. Marília não entendia muito de arte, mas tinha visto na placa à entrada que a renda obtida com a venda das ob