A segunda-feira chegou como uma tempestade silenciosa. Após o baile, as redes sociais da empresa ferviam com fotos e comentários sobre Dominic e Isadora. Sites de fofoca e colunistas do mercado corporativo especulavam sobre o relacionamento, alguns elogiando a coragem, outros questionando a ética.No escritório, os olhares não eram mais apenas curiosos — havia julgamentos, sussurros e tensão.Logo cedo, Isadora foi chamada para uma reunião extraordinária com os sócios. Dominic não estava presente.— Isadora — começou o mais velho dos diretores, com os dedos entrelaçados sobre a mesa —, sua competência nunca esteve em debate. Mas sua relação com Dominic está causando desconforto entre investidores e conselheiros.Ela manteve o olhar firme.— Entendo a preocupação. Mas minhas entregas, relatórios e decisões continuam impecáveis. Estou aqui para trabalhar, e minha vida pessoal está sendo exposta por terceiros, não por mim.Outro diretor, mais ríspido, cortou:— Não se trata só de competê
O dia seguinte à coletiva foi marcado por um silêncio estranho no escritório. Não havia sussurros, nem comentários maldosos — apenas olhares surpresos, alguns admirados, outros carregados de reprovação.Isadora entrou na empresa com a cabeça erguida. Estava pronta para lidar com qualquer consequência. Ao cruzar a recepção, percebeu que algo havia mudado. Os rostos pareciam menos hostis. Havia até mesmo quem sorrisse com respeito.Dominic, por sua vez, passou a manhã em reuniões com o conselho administrativo. Seus argumentos na coletiva haviam sido fortes, mas isso não significava que todos estavam convencidos.— A atitude foi corajosa, Dominic — comentou um dos conselheiros mais antigos, cruzando os braços. — Mas você mexeu em um vespeiro. A imagem da empresa está nas manchetes e nem todos os investidores gostam de ver romance misturado com negócios.Dominic assentiu.— Eu compreendo. Mas também acredito que chegou a hora de mudar essa cultura interna. Seremos uma empresa melhor se no
Os dias seguintes foram um campo minado de tensão. Isadora e Dominic estavam vivendo em uma corda bamba, onde qualquer passo errado poderia ser o último. O que eles haviam conquistado até agora estava sendo constantemente ameaçado por uma série de fatores externos e internos que pareciam escapar ao controle deles.A família de Dominic estava em guerra. Seus pais, especialmente seu pai, estavam pressionando-o para que mantivesse o noivado com Claudia, insistindo que o casamento era um passo necessário para consolidar o legado da família. Dominic estava em uma posição difícil, dividido entre os desejos de sua família e os seus próprios sentimentos por Isadora.Em um momento de desespero, seu pai fez uma proposta direta. Ele se encontrou com Dominic em um almoço sem a presença de Claudia, uma conversa silenciosa que estava prestes a explodir.“Eu sei o que você quer, Dominic, e você sabe o que é melhor para a nossa família. Mas não permita que os sentimentos criem obstáculos para o que d
Isadora acelerou o carro pela estrada vazia, o som do motor ecoando em seu peito apertado. A carta, as fotos, o telefonema ameaçador — tudo o que ela acreditava ser uma vida sob controle agora parecia uma cortina de fumaça, obscurecendo a verdade e a confiança que ela tanto valorizava. Ela não podia mais ignorar que estava sendo manipulada, jogada em um tabuleiro de xadrez que ela nem sequer sabia como jogar. Seus dedos apertaram o volante, a raiva se misturando com a tristeza.A cada quilômetro que passava, a mente dela voltava a Dominic. Ele tinha sido o homem em quem ela confiou, o homem com quem ela acreditava poder construir algo genuíno, mas agora ele parecia mais uma peça nesse jogo de intriga e manipulação. Ele tinha as respostas, mas não sabia como fornecê-las sem destruir ainda mais o que restava entre eles.Ela não sabia mais quem estava por trás de tudo isso. Cada pista a levava a um novo beco sem saída. A carta, com ameaças claras, parecia ser uma tentativa de pressioná-l
O som da chuva batendo contra a janela de seu apartamento parecia se misturar com os pensamentos caóticos de Isadora. Ela estava sentada na mesa da sala de estar, uma taça de vinho em suas mãos, mas o sabor era amargo demais para ser apreciado. Sua mente estava longe — nas fotos, na carta, nas palavras de Dominic.Ela sabia que o que ele havia feito não podia ser simplesmente ignorado. O que parecia ser uma traição não era algo que ela poderia perdoar facilmente, mas algo em sua consciência a impelia a continuar em busca da verdade. As promessas que ele fizera, o olhar sincero, a paixão que compartilhavam, tudo parecia perdido agora.Isadora suspirou e colocou a taça de vinho de lado, indo até o balcão para pegar seu telefone. A tela ainda mostrava a última mensagem de Dominic, enviada horas atrás: “Eu não posso te deixar, Isadora. Eu te amo, e vou lutar pelo que é nosso.”A confusão aumentava, e a desconfiança tomava conta de seu coração. Ela não sabia mais se as palavras dele eram a
O silêncio entre Isadora e Dominic era espesso como fumaça. Eles estavam na cobertura dele, cada um preso em seus próprios pensamentos, depois da revelação bombástica que abalou tudo: a suposta traição. Mesmo com as explicações dele, mesmo com o instinto de Isadora gritando que havia algo errado naquela história, a ferida estava aberta.— Você quer que eu simplesmente acredite? — ela perguntou, quebrando o silêncio, a voz embargada.Dominic passou as mãos pelos cabelos, visivelmente cansado.— Não quero que você simplesmente acredite. Quero que você me olhe nos olhos e sinta o que sempre sentiu. Eu fui chantageado, Isadora. Não houve traição. Alguém está tentando nos separar.Ela cruzou os braços, os olhos marejados. O peso da desconfiança ainda pairava no ar.— Então quem teria motivos pra isso? — ela sussurrou.Dominic hesitou. Seus olhos se desviaram por um instante.— Meu pai. Ou… talvez sua mãe.— O quê?— Seu pai era contra o nosso envolvimento. E minha família nunca aceitou a i
O vento da noite soprava forte no terraço do prédio da sede da empresa. As luzes da cidade pareciam distantes, quase irreais. Isadora chegou com o coração acelerado, o telefone ainda na mão. Ela subiu até ali sem pensar duas vezes, movida pelo peso da mensagem de Dominic — e pelo desejo desesperado de entender o que viria a seguir.Dominic estava de costas para ela, encarando o horizonte. Quando ouviu os passos, virou-se devagar. O olhar dele estava carregado, tenso, mas havia alívio ao vê-la.— Obrigado por vir — ele disse.Isadora parou a poucos passos, abraçando os próprios braços. — Você disse que precisávamos decidir juntos. Então fala. O que descobriu?Ele entregou o celular a ela. Isadora assistiu ao vídeo em silêncio, sentindo o chão sumir sob seus pés à medida que cada palavra da mãe ecoava pela gravação.— Isso não pode ser real… — ela murmurou. — Minha mãe? E a Helena?Dominic assentiu.— Agora sabemos quem está por trás disso. Por que. E como.Isadora fechou os olhos. Sent
A intimação estava sobre a mesa, como uma sentença fria e impessoal. Isadora encarava o envelope aberto, os olhos fixos nas palavras que pareciam gritar em sua mente: “Processo por quebra de sigilo profissional”. Era uma acusação grave, e pior — falsa.— Isso não pode estar acontecendo… — ela murmurou, passando a mão pelos cabelos, o coração batendo descompassado.Dominic chegou em casa e a encontrou na mesma posição. Ao ver o olhar perdido de Isadora, ele parou imediatamente.— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, aproximando-se rapidamente.Ela apenas apontou para o documento.Dominic o leu com atenção, a mandíbula travando conforme avançava. Ao terminar, largou o papel sobre a mesa com força.— Isso é uma armadilha. E eu aposto que sei exatamente quem está por trás.— Helena… — Isadora disse, a voz embargada. — Ou minha mãe. Talvez as duas.— Elas estão desesperadas. Tentaram nos separar emocionalmente. Agora querem destruir sua carreira, seu nome, sua dignidade.— E se conseguirem