Ao voltar para casa, Marília não conseguiu se acalmar durante toda a tarde.
Ela deveria ter tido um irmão ou uma irmã, mas o bebê nunca chegou a nascer.
Foi por causa do aborto espontâneo que a depressão da mãe se agravou, e por isso ela acabou tirando a própria vida.
Marília também havia perdido um filho. Ela entendia bem aquela dor.
Enterrou o rosto no braço, lembrando-se dos sofrimentos da mãe, das injustiças, da raiva e das mágoas que ela carregava. E todos aqueles culpados por sua morte... ainda estavam vivos e bem.
Era difícil para Marília aceitar isso com tranquilidade.
De repente, o som da porta se abrindo ecoou. Ela ouviu um barulho vindo do hall de entrada.
Levantou a cabeça do braço, com os olhos turvos de lágrimas, e viu Leandro entrando com duas sacolas plásticas.
Os olhos dos dois se encontraram. O homem franziu o cenho:
— O que aconteceu?
Marília se irritou só de olhar para ele. Pensar na vida injusta da mãe, nas cenas dele com Helena entrando e saindo de hotel, fez com