No apartamento de Clarice, o ar estava impregnado pelo cheiro forte de perfume e pelo som contínuo do secador de cabelo.
Clarice se olhava no espelho da penteadeira, ajustando o colar de pérolas, quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
— Finalmente — murmurou, sem virar o rosto. — Pensei que você tivesse esquecido o caminho de casa.
Lilibeth jogou a bolsa sobre o sofá e revirou os olhos. — Também, mãe, nem parece que sente saudade. Só chama pra saber de dinheiro.
Clarice desligou o secador e virou-se lentamente, o olhar firme e avaliador.
— E não é pra menos. Você já conseguiu arrancar alguma coisa daquele Clifford? — perguntou, cruzando os braços.
Lilibeth abriu um sorriso debochado, encostando-se na parede.
— Arrancar é uma palavra feia, mãe. Prefiro dizer que estou sendo recompensada pelos meus serviços.
Clarice arqueou as sobrancelhas. — Então conseguiu dinheiro?
— Se você acha que uma mesada de vinte mil dólares é dinheiro? — respondeu Lilibeth, dando de ombros. — Então sim,