Capítulo 228 — Primeira manhã em Rashalah
O primeiro adhān subiu do porto como maré de cobre e vento. A cidade ainda tinha cheiro de sal e ferrugem, mas, do terraço alto do Palácio do Porto, o que Isabela sentiu foi outra coisa: casa. O sol começava a rasgar o horizonte, espalhando lâminas de luz entre guindastes, telhados baixos e a linha longínqua das dunas. Ao lado, Zayn segurava uma caneca de café forte; o vapor subia como augúrio simples — dia novo, vida nova.
— Dormiu? — perguntou ele, sem tirar os olhos da água.
— Dormi — respondeu, com um sorriso que não precisava fingir. — E acordei com a sensação de que passei anos chegando até aqui.
— Chegou — disse Zayn. — E não está mais de visita. Rashalah é nossa casa.
Ficaram um instante respirando juntos a aragem salgada que vinha do cais. Lá embaixo, caminhões de água já formavam fila disciplinada; a Guarda Vermelha organizava as primeiras distribuições do dia. Guindastes, há meses imóveis, voltavam a erguer os braços. Sobre o pátio