CaíqueO barulho do teclado ecoa pela sala, enquanto termino de revisar os últimos documentos que tenho que entregar. É impressionante como as coisas mudaram tão rápido. Há algumas semanas, eu estava pensando na possibilidade de deixar a cidade para trás mais uma vez. Agora, estou aqui, preenchendo formulários para começar em um novo emprego na próxima semana.Consegui um trabalho em uma nova empresa, nada tão glamoroso quanto a oferta anterior, mas, para ser honesto, parece bem mais significativo. Terei a chance de começar do zero em um novo lugar, pois, não aguentava mais onde estava, e acho que nunca valorizei tanto uma oportunidade. O mais importante é que estarei trabalhando de casa e vou poder continuar perto de Mayara e Gustavo, sem precisar sacrificar minha vida familiar.O celular vibra em cima da mesa, e vejo ser uma mensagem da Larissa, m
MayaraA nossa manhã começa agitada, como era de se esperar. A casa está uma verdadeira bagunça, cheia de balões coloridos, bandeirolas espalhadas e um bolo enorme sobre a mesa montada na sala. Gustavo está radiante, correndo de um lado para o outro, e eu me pego sorrindo enquanto confiro se tudo está em ordem mais uma vez.Caíque surge na sala, trazendo mais algumas cadeiras da garagem. Ele parece tão empolgado quanto o Gustavo, e não consigo evitar sentir meu coração aquecido ao vê-lo tão comprometido com tudo isso.— Acho que nunca organizei uma festa tão grande — ele comenta, me olhando com um sorriso cúmplice.— Não é tão grande assim. Só chamamos os amigos mais próximos, meus pais e seus irmãos — digo, tentando me convencer também.— Ainda assim, parece uma reunião de família completa — ele brinca, me puxando para um rápido beijo no rosto.Faz alguns dias que entramos no assunto de como iríamos comemorar o aniversário do Gu. Todo ano, ele comemora na escola, com os amigos e prof
CaíqueAcordo com o sol entrando pela janela, espalhando raios dourados pelo quarto. Viro para o lado e vejo Mayara ainda adormecida, os cabelos espalhados pelo travesseiro. Não consigo evitar um sorriso ao perceber que, depois de tantos altos e baixos, finalmente estamos aqui, juntos, planejando um futuro. E mesmo não sendo a primeira vez que acordo ao seu lado, ainda me sinto impactado com sua imagem.Levanto devagar para não acordá-la e vou até o quarto do Gustavo, que já está em pé, mexendo nos brinquedos.— Bom dia, campeão — digo baixo, entrando no quarto.— Bom dia, pai! Posso abrir esses presentes? — Aponta para alguns pacotes.— Pode ser depois? Precisamos comer.— Tá bom. Então, vamos tomar café? — ele pergunta, com os olhinhos brilhando.— Vamos. Só vou chamar sua
MayaraDesde o pedido formal feito na cozinha, eu e Caíque entramos em um outro nível: organizar nossa casa e casamento.Organizamos as nossas coisas na casa do Caíque que por ser maior, foi a escolhida para morarmos. Aproveitei minhas férias e fizemos uma mudança. Agora, estamos focamos no casamento, quero cuidar desses detalhes enquanto estou sem trabalhar.Por esse motivo, enquanto comemos, começo a falar dos preparativos para o casamento.— Pensei que poderíamos fazer uma cerimônia pequena, só com os amigos mais próximos e a família. O que acha? — pergunto.Caíque parece refletir por um momento antes de responder.— Gosto da ideia. Nada muito exagerado, algo intimista. Quero que o Gustavo se sinta parte de tudo.— Ele pode ser o pajem — sugiro, imaginando nosso filho entrando com as alianças.Gustavo, que até então estava distraído com o suco, nos olha curioso.— O que é pajem?— É quem leva as alianças no casamento — explico.Os olhos dele se iluminam.— Você vai usar terno? — Gu
CaíqueFecho a porta da nossa nova casa e, por um momento, tudo fica em silêncio. Só eu e ela. Respiro fundo, ainda com emoção em meu peito, quando tive a imagem da Mayara vestida de noiva, sorrindo para mim enquanto caminhava até mim. A cerimônia foi emocionante, a festa cheia de alegria, e mesmo amando cada minuto de como estava sendo o nosso casamento, eu não via a hora de estarmos sozinhos. E agora, chegou esse momento.— Finalmente — murmuro, puxando Mayara pela cintura.Ela ri baixinho e envolve meus ombros com os braços.— Cansado? — ela pergunta, encostando a testa na minha.— Nem um pouco. Estou cheio de energia. — Sorrio e deixo um beijo leve no canto dos lábios dela.— Então você está em vantagem. Acho que eu poderia dormir por uma semana inteira. — Finge abrir a boca de sono e ga
Meses depoisMayaraEu sabia que alguma coisa estava errada desde ontem. Passei o dia no trabalho, com mal-estar. Pensei que ao acordar estaria melhor, mas acordei com aquela mesma sensação de enjoo, mais forte, o que começou a me preocupar. Imaginei ser nervosismo pelo novo projeto que está sendo implementado no escritório e que com isso, tive um certo aumento de trabalho, ou talvez, fosse algo que comi, mesmo não tendo comido nada diferente.— Mãe, você tá bem? — Gustavo me pergunta, os olhos curiosos enquanto coloco o café na mesa.— Tô, sim, filho. Só um pouco enjoada.Ele faz uma careta engraçada, como se tentasse entender o que isso significa. Passo a mão pelo seu cabelo, tentando disfarçar, não querendo preocupá-lo. Talvez seja só uma indisposição passageira.Depois de deixar Gustavo na escola, volto para casa e me jogo no sofá, tentando acalmar meu estômago com um chá de camomila. Mas nada parece ajudar. Minha cabeça está cheia de pensamentos desconexos, tentando entender o qu
MayaraÉ impossível não sorrir ao olhar para o meu reflexo no espelho. O vestido azul-claro realça a curva da minha barriga redonda. A cerimônia de casamento da Gabi e do Daniel é hoje, e eu estou prestes a acompanhar a minha melhor amiga até o altar.Passei o dia com ela, assim como ela esteve comigo na minha vez. Vim para casa para me arrumar e conferir que Gu e Caíque estariam prontos no horário.— Mãe, você tá linda! — Gustavo comenta, entrando no quarto com o olhar curioso.— Você acha? — pergunto, ajeitando o cabelo preso em um coque elegante.— Sim! E seu vestido brilha!Solto uma risada, tocando o tecido acetinado. Gustavo está usando um terno minúsculo mais uma vez, e é a coisa mais fofa que já vi. Caíque aparece logo atrás, também de terno, com um sorriso encantador.— Prontos para o casamento? — ele pergunta, me puxando pela cintura e me dando um beijo rápido na testa.— Prontíssimos — respondo, sentindo meu coração bater mais forte ao lembrar do nosso próprio casamento, qu
CaíqueAcordo com um toque leve no meu braço e, no mesmo instante, sinto um aperto no peito. Olho para o lado e vejo Mayara sentada na beira da cama, respirando fundo.— O que foi? — pergunto, já me sentando em alerta.— Acho que… — Ela faz uma pausa e segura minha mão com força. — Acho que chegou a hora.Meu coração dispara. Não sei se estou pronto para esse momento. Na verdade, ninguém está realmente pronto para isso, né? Mas não tem escolha. É agora.— Tudo bem, tudo bem — digo, tentando manter a calma, mas sinto minha voz trêmula. — Vamos para o hospital.Levanto rapidamente e ando pela casa, confuso no que devo fazer. Começo a pegar as malas que deixamos prontas há semanas no quarto infantil que decoramos há meses.— Caíque? — Mayara me chama suavemente. Deixo tudo para trás e corro até ela. Quando me aproximo dela, segura minha mão de novo, e eu percebo que ela está mais calma do que eu. — Vai dar tudo certo, Caíque — ela sussurra, como se precisasse me tranquilizar.— Claro que