Caíque
Abro os olhos devagar, sentindo a luz suave da manhã invadir o quarto pelas frestas da cortina. Ainda meio sonolento, demoro alguns segundos para perceber onde estou. Mas então sinto um peso confortável sobre meu peito e um cheiro familiar de shampoo de frutas.
Mayara está deitada ao meu lado, nua com o lençol preso abaixo das axilas. Observo parte do rosto sereno encostado em meu ombro, o braço repousando em minha cintura. A respiração dela é lenta e tranquila, e meu primeiro impulso é ficar completamente imóvel para não quebrar aquele momento.
Por um instante, tudo parece tão perfeito que eu quase esqueço das últimas semanas, das conversas difíceis e das emoções intensas. Só consigo pensar no quanto é bom tê-la aqui, tão próxima, como se o tempo nunca tivesse nos separado.
Com cuidado, acaricio os cabelos dela, tentando não a acordar. Meu peito se enche de uma sensação que eu tinha esquecido como era. Paz. Felicidade.
Mayara se mexe levemente, murmurando algo inaudível antes