Mayara
Percebendo para o rumo da noite, peço licença para os demais e me afasto um pouco, como se fosse fazer algo importante. Vou até o lado de fora, usado por fumantes. Agradeço por estar vazio. Não demora para perceber que não estou sozinha.
Caíque para ao meu lado. O silêncio entre nós se estende, insuportável, mas ninguém se atreve a quebrá-lo. Olho para ele e o meu olhar se fixa no dele, tentando entender o que ele está pensando, tentando traduzir a frieza que ele tenta passar, mas que não consegue esconder. Não há mais aquele brilho familiar de antes, aquele jeito dele de me fazer sentir que tudo podia dar certo, não importa o quão tortuosos fossem nossos caminhos. Agora, tudo está frio, distante, e o tempo que passou nos transformou em dois estranhos tentando manter a mínima compostura.
— O que você quer? — pergunto e ele ri com amargura.
— Quero paz. Mas como não posso ter tudo o que quero...
— Está tentando tirar a minha? — interrompo.
— Não. Mas não sei o que minha pergunta