Capítulo 4

Estou num campo com pequenas elevações de terra totalmente cobertos com uma vegetação rasteira e flores, muitas flores de todos os tamanhos e cores. Além disso, há várias árvores por todo o lugar, mas não como uma floresta densa, elas são mais espaçadas. Uma brisa suave e temperada beija o meu rosto e faz balançar suavemente o meu cabelo solto.

Olho para os meus pés e… Estão descalços, pisando a grama verde e levemente úmida. Estou usando um vestido branco na altura dos joelhos, de um tecido fino e esvoaçante, com mangas até a altura dos cotovelos.

Olho para cima e vejo um sol amarelado num céu azul lindo e sem qualquer vestígio de nuvens. Começo a caminhar lentamente, subindo o morro mais próximo de mim, quando chego ao final, vejo um vasto jardim com um riacho lá embaixo que segue para um grande lago perto de um imenso castelo no estilo medieval branco. Acredito que já vi esse castelo? Onde foi mesmo?

Pássaros cantam por toda parte, além de ruídos de grilos e outros insetos que, vez ou outra, passam voando, próximos a mim. Que lugar é esse? É tão lindo! Parecesse um sonho! Espera! Já tive esse sonho! No entanto, não me lembro de ter visto o castelo antes. Noto alguns seres alados voando na direção do castelo, aparentam com os anjos, outros parecem com a criatura que estava com Eloah.

Subitamente, rompendo o silêncio tranquilizador, trovões e espessas nuvens negras surgem no céu azul, escondendo o sol. Dois imensos olhos me observam ameaçadoramente, um olho azul e outro preto.

— Quem é você? — grito a plenos pulmões, mas os olhos não me respondem.

Dois vultos surgem como mágica na minha frente. Um vestindo um manto com capuz branco carregando uma Acrux, o segundo com uma veste igual ao do primeiro, porém na cor vermelho sangue e leva consigo uma Unucky.

— Matem a anomalia! — a voz parece um trovão, apesar de ter a lembrança de ter ouvido. Parece… não! Será que é Dele? Sim. A voz parece com a do Eloah.

— Não! — grito, mas o meu grito é abafado por um gemido de dor quando as duas espadas são fincadas na minha barriga.

Despenco de joelhos no chão olhando para o meu vestido que era branco, mas agora está ficando metade vermelho devido ao sangue que escorre. Olho para as duas estranhas figuras a minha frente, mas não consigo ver os seus rostos.

— Só você pode nos libertar. — declara a figura de manto vermelho ao tirar o seu capuz e… Não! Não pode ser! É o mesmo guerreiro dos meus outros sonhos, não tem como negar pelos seus olhos verdes-azulado que começam a mudar para o vermelho sangue.

— Então, nos liberte. — diz a outra figura ao tirar o seu capuz e… Não! Não pode ser! É o Gabriel! O que ele está fazendo no meu sonho?

Os dois se ajoelham na minha frente, abaixando as suas cabeças em reverência. Olho para as espadas fincadas na minha barriga e arranco as duas de dentro de mim com um gemido alto de dor.

Seguro cada uma numa mão, então, sinto o poder. Ele é tão forte, jamais, senti algo assim na vida. Subitamente, percebo algo estranho nas costas.

Olho para trás e lá estão elas, como nos outros sonhos, as minhas lindas asas, porém, diferentes, pois as plumas são brancas e, com um dégradé, ficam vermelho sangue nas pontas. Volto a minha atenção para o céu coberto de nuvens negras, os olhos ainda estão lá, me encarando, zangados.

Levanto voo na direção deles, uma luz muito forte e quente, me cega e me queima.

— Não! — grito novamente, mas é tarde, sou jogada na mais absoluta escuridão, vagando no vazio, sem sentir nada, além de uma solidão incomensurável e uma tristeza tão grande que me faz chorar.

No entanto, a escuridão dá lugar a novas imagens e… Espera! Conheço este lugar! É a Avenida Paulista em São Paulo! Está chovendo um verdadeiro dilúvio neste momento, além de trovejar e relampear muito.

Já tive este sonho muitas vezes. O que ele quer dizer, meu pai do céu?! Olho para trás e lá estão elas, mas ao invés de serem negras como das outras vezes, as plumas são brancas e com um dégradé se tornam vermelho sangue nas pontas.


Procuro o prédio já conhecido por mim, lá está ele com as duas figuras encapuzadas lutando e a minha velha desesperada.

Chego mais perto deles, flutuando com um pouco de dificuldade, devido ao vento e a chuva. Pouso bem perto, o suficiente para ouvir a minha mãe gritar para as estranhas figuras:

— Parem! Parem, por favor! O que está feito, feito está! Não adianta brigar, agora!

— Como pode dizer isso, Maria? Ele te usou! Te manipulou e te usou para aquilo que tanto desejava, isso porque jamais conseguiu obter o que queria com o seu consentimento. — ouço a voz de uma das figuras, parece ser do estranho que segura a Unucky.

Os seus movimentos são rápidos, os dois manipulam as suas armas com evidente habilidade, como se já usassem as suas lâminas há tanto tempo que parece que fazem por instinto. Todos os golpes são quase perfeitos, como numa dança. A Acrux faz um pequeno corte no braço do oponente portador da Unucky, assim como a lâmina negra faz uma ferida na mão do seu adversário. Por que estou tendo esse sonho tantas vezes? Quem são eles? Por que estão lutando?

— Saia daqui, Maria! Por favor, fuja, meu amor! Fuja para longe! — ouço novamente a voz de antes e tenho quase certeza que realmente é a do guerreiro que está com a Unucky. Ele se distrai brevemente ao olhar para a minha velha.

Num movimento rápido, o guerreiro com a Acrux desarmar o seu oponente, a Unucky sai voando, acertando o peito da minha mãe, bem próxima da sua barriga de grávida. Não! Mãe! O guerreiro que está sem espada corre e impede que ela caia no chão.

— O que foi que você fez, seu idiota! — O guerreiro da lâmina negra explode em cólera, tirando o seu capuz e…

Nossa! Meu pai do céu! É ele! O guerreiro de tantos outros sonhos! Quem é ele afinal?

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