6 - De Mulher Para Mulher

Marie

Após o almoço, ajudei dona Tânia a lavar a louça.

Mesmo com a insistência dela de que era convidada e não precisava, a ajudei.

Não custava nada. Fora que me distrairia dos problemas.

-Minha querida... perdoe se estiver sendo enxerida, mas está tudo bem?

Dona Tânia perguntou com hesitação.

-Luke te disse algo?

Perguntei um pouco constrangida.

-Me disse que o... fulano te enganou com outra. Você não merece isso, é uma moça muito boa.

Tânia confessou. Era compreensível que soubesse o motivo, já que passaria o final de semana em sua casa de uma hora para a outra.

Mesmo sendo amiga de infância de Luke, não vinha com frequência.

-Muito obrigada. É doloroso, mas faz parte da vida. Ninguém está preparado para o que vem a seguir.

Respondi confiante. Apesar de sentir um vazio no peito precisava deixar a frustração de lado e relaxar.

Desintoxicar de toda o rastro de podridão que Johny e Cassidy deixaram na minha cabeça com aquela cena grotesca.

Sinceramente já não me importava mais. O que doeu mesmo foi a falta de respeito e consideração.

Dediquei cinco anos àquele homem e ganhei um par de chifres.

Parando para pensar não lembro vê-lo trabalhar um dia sequer.

Era mesmo um encostado. Luke estava certo.

Sempre esteve. Johny não era ambicioso.

Tampouco tinha um emprego.

Suspirei.

O incômodo que sentia no peito voltou de repente.

-Marie, está um pouco pálida. Você está bem?

Tânia deixou a pano de prato em cima do fogão.

-Não, estou ótima. Um pouco cansada admito.

Rimos. Terminamos lavar a louça e arrumar a mesa.

-E a empresa?

Abri um largo sorriso. Todo o meu esforço estava sendo recompensado.

-Vai bem. Conseguiu um contrato importante com uma marca. E quem a representa é uma influenciadora famosíssima.

-Oh que maravilha! Fico feliz e seus pais?

Aquela pergunta me depreciou. Minha relação com eles não era a das melhores.

-Sabe como é... eles viajam muito a trabalho.

No fundo sei que nunca apoiaram o meu casamento.

Apenas aceitaram. É como dizem... os pais sabem o que é melhor para os filhos.

Se os tivesse escutado...

Prefiro não pensar nisso agora!

-Uma pena. Já que está aqui aproveitarei para mimá-la.

Dona Tânia comentou com doçura. Essa mulher não existe.

-Mais tarde podemos ir a praça. Terá uma festa e gostaria que fosse.

-Combinado.

Só então lembrei que não tinha roupa para a ocasião.

-Sei o que está pensando... vamos a uma boutique e escolher algo especial.

Dona Tânia piscou.

-Muito obrigada, é tão doce.

-Tenho muito apreço por você, sabe que é parte da família. Ao menos eu..

-Maaaaaãe?

Era a voz de Luke. Acho que vinha da varanda.

Seguimos o som. Assim que avistamos o Luke reparei em suas mãos.

Haviam dois buquês de flores muito bonitos.

-Pode arrumar um vaso? Aliás, dois? É para a festa.

Ah claro. Só podia ser. Por um momento pensei que era...

Bom, deixa pra lá.

*

Depois de literalmente um banho de loja, Dona Tânia e eu retornamos a fazenda para descansar.

A festa começava às sete horas. Mal podia esperar.

A última vez que vim ao festival das flores foi três meses antes de casar.

A pelo menos uns cinco anos. Parei de vir aqui por causa do Johny.

E mais uma vez esse cara está atrapalhando a minha vida.

Como pude ser tão cega?

Fiquei praticamente isolada.

Fazia tudo que ele pedia por migalhas.

Deixei de usar peças de roupas de gosto por medo dele não gostar ou me achar vulgar.

Quase mudei quem eu era por causa dele.

Marionete.

Johny me controlava feito uma marionete e eu sequer percebia.

Afofei o travesseiro na cama e fechei os olhos.

Eram quatro e meia. Daria tempo de tirar uma bela soneca.

Queria aproveitar a festa e precisava estar bem disposta não é mesmo?

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