༺ Enzo Beltron ༻
A claridade atravessava as frestas da cortina quando abri os olhos. O silêncio no quarto era quase irreal depois da madrugada agitada.
Estendi o braço, respirei fundo e senti o corpo de Amara enroscado entre os lençóis, ainda exausta.
Pietro dormia do outro lado, com o rosto sereno abraçando a ela, como se não tivesse feito parte da loucura da noite.
Passei a mão pelo rosto, espreguicei-me com preguiça e deslizei para fora da cama. Procurei minha cueca no chão, vesti rápido, depois puxei a calça que repousava no encosto da poltrona.
Ainda observava ambos, vulneráveis no sono, quando ouvi batidas firmes na porta.
Franzi a testa. Meus irmãos jamais bateriam. Eles tinham chave, principalmente Domenico.
A curiosidade venceu a cautela. Caminhei devagar, abri a porta e meu coração quase parou.
— Vovó? — arregalei os olhos. — O que a senhora está fazendo aqui?
Minha vó Zenaide me encarava com a firmeza de sempre. O olhar dela parecia atravessar a alma, pesado, carregado de j