Acordo sentindo meus cabelos sendo acariciados, e quando abro os olhos, encontro os de Caio já fixos em mim.
— Bom dia, minha princesa — ele diz, e beija a minha testa.— Bom dia — murmuro, tentando me livrar da sonolência.— Quer tomar café aqui no quarto ou descer pro restaurante do hotel? — questiona.É então que me lembro que Alex irá me encontrar para mostrar os esboços que fez para a reforma da confeitaria.— Eu marquei de tomar café com Alex — digo, sem jeito, pois sei que Caio ficará com ciúmes. E dito e feito. O sorriso em seu rosto se desfez.— Você gosta dele, Manu? — pergunta, e posso sentir a tristeza em seu tom de voz.— Eu gosto dele como amigo — começo. — Mas tenho que te contar uma coisa.Dá para perceber que ele fica tenso. Caio se senta na cama e me encara.— Vocês ficaram juntos? — sua voz vacila. — Vocês ficaram, não é?! Não me diga que já te perdi, Manu.Com um suspiro, eu também me sento.— Caio, foi só um beijo. Não vou falar que foi ruim, pois estaria mentindo. Mas não se compara com o que sinto por você. Eu amo você, mas não sei se é o suficiente pra continuarmos juntos.— Me deixa explicar o que aconteceu aquela noite? — E como não tento me opor, ele prossegue. — Quando cheguei em casa já estava muito cansado, tomei um banho e fiz um café, porque não queria dormir antes de você chegar. Peguei minha xícara e fui pra sala assistir, até que a campainha tocou. Cometi o erro de abrir a porta pra Dulce, mas não deixei ela entrar. Ela começou a falar, mas logo a interrompi, tentei fechar a porta, mas ela começou a chorar. Eu sei que fui fraco, mas não imaginava que isso fazia parte do seu plano maligno. Deixei ela entrar, porém avisei que teria que ser breve.— Aí foi o seu erro, Caio. Você sabia o que ela queria de você e que faria qualquer coisa pra conseguir isso.Ele abaixa a cabeça envergonhado.— Eu sei, Manu. Ela começou a falar que estava arrependida por tudo o que fez com você, falou da minha mãe... Ela sabia muito bem como me enrolar. Ela pediu um copo de água, então fui buscar e deixei meu café em cima da mesa de centro. Quando retornei, Dulce tomou a água e eu finalizei meu café. Mas logo comecei a me sentir estranho. Minha cabeça não estava normal. A única parte que me lembro é dela vindo até mim, se sentando no meu colo e me beijando. O resto da noite não lembro de nada. Ela colocou alguma coisa na minha bebida, Manu. Fui a um laboratório fazer um exame de sangue, mas não foi possível comprovar o uso de algo ilegal. Ela escolheu muito bem a droga. Por favor, acredite em mim. Jamais em sã consciência te trairia. Você é a única mulher que amo e quero ao meu lado. — Segurando o meu rosto, ele se aproxima aos poucos e então me beija.Não sei se estou fazendo o certo em deixar isso acontecer, mas eu amo tanto esse homem. É ele que eu quero. Antes que as coisas comecem a sair do controle, me afasto.— É melhor irmos devagar, Caio. Não quero apressar as coisas e depois me arrepender. Espero que você entenda. — Ele balança a cabeça, concordando. — Vou me trocar pra ir tomar café.Me levanto, pego uma muda de roupa limpa e vou para o banheiro. Quando estou terminando de escovar os dentes, escuto batidas na porta e saio rápido, já imaginando quem será. E ao voltar ao quarto e olhar para a porta, vejo Caio e Alex se encarando. Caio ainda está sem camisa, vestido apenas com sua calça jeans — e com certeza Alex pensará que rolou alguma coisa essa noite. Talvez seja essa a intenção dele.— Você demorou pra descer, então vim ver se estava bem — Alex fala, desviando o olhar de Caio para mim.— Acabei me atrasando. — Vou em sua direção. — Alex, esse é Caio. E, Caio, esse é Alex — digo, alternando a atenção de um para o outro.— Prazer — é tudo que Alex diz. Já Caio só acena com a cabeça e dá um sorriso notavelmente falso.— Vamos tomar café? — sugiro, tentando quebrar a tensão do momento.— Vamos. Quero te mostrar tudo que já fiz. — Alex mostra o tablet que carrega em uma das mãos.— Posso ir com vocês? — Caio pergunta. — Você pode ser bom na decoração, mas eu sou melhor quando o assunto é pôr a mão na massa.Estou sentindo que esse café da manhã será uma disputa de testosterona.— Manuela que decide — Alex fala, e os dois olham para mim com expectativa.Ah, Deus. Eu vou ficar no meio da batalha entre esses dois.— Caio, pode vir com a gente — acabo murmurando. — Você ainda não tomou café.Ele abre um grande sorriso em resposta.Vou até a cômoda pegar minha bolsa e ouço os dois conversarem.— Você dormiu aí? — Alex o questiona.— Sim, dormimos juntinhos — Caio responde.Eu me aproximo dos dois.— Só dormimos mesmo. Não aconteceu nada.— Mas foi juntinhos — Caio repete, com aquele sorriso travesso estampado na cara.Descemos até o restaurante e, chegando lá, cada um pega um prato e começa a se servir. Por estar faminta, capricho no meu.— Isso — Caio diz. — Coma bastante pra alimentar bem o nosso filho. — E coloca mais um pão de queijo no meu prato.— Que suco você quer, Manu? Abacaxi, laranja ou morango? — Alex fala, chamando a minha atenção.— Ela prefere abacaxi — Caio responde, antes que eu possa abrir a boca; e só me resta concordar com um aceno.Alex enche um copo e me entrega. E quando nos dirigimos à mesa, os dois se atrapalham para tentar puxar uma cadeira para mim primeiro, com Alex saindo como vencedor. É uma atitude infantil, eu sei, mas isso não me impede de me divertir um pouco.— Obrigada — digo, me sentando.Comemos em um silêncio constrangedor; às vezes com um olhando para o outro, outra com os dois olhando para mim. Quando terminamos, Alex começa a mostrar as ideias que teve para a confeitaria.— Estava pensando nesse tipo de balcão. — Ele mostra um desenho de um balcão de madeira que vai de uma parede à outra, e eu sorrio, satisfeita.— Eu não gostei muito — Caio se intromete. — Acho que um menor seria melhor.— Caio — Alex fala, notavelmente sem paciência —, você pode ficar tranquilo. Eu trabalho com isso há muito tempo e não é a primeira confeitaria que planejo.— Mas eu sei do que ela gosta e o que seria mais rápido de construir pra conseguir abrir o quanto antes — Caio rebate.— Você dois podem ir se acalmando. Alex, você pode me mostrar os outros modelos, por favor? — pergunto, e ele faz que sim com a cabeça.Ficamos ali um tempo, conversando e analisando as ideias que ele teve, com Caio sempre opinando de forma a provocar e desagradar Alex, mesmo quase sempre estando certo em algumas sugestões.— Você vai ficar aqui por muito tempo? — Alex encara Caio, inexpressivo. — Não tem sua loja recém-inaugurada pra cuidar?— Eu só volto pra casa quando Manu voltar comigo, e quanto a minha loja, pode ficar tranquilo. Contratei um ótimo gerente. O meu amigo Ricardo. Confio muito nele. — Ele sorri.— Que maravilha! — Alex murmura, e é impossível não notar a sua frustração.