Doce como Mel {8}

Os próximos dias podem ser basicamente resumidos em trilha, fogueira, compras, conversas, e principalmente muita diversão. Passaram cinco dias desde que tínhamos chegado ali, e só faltavam apenas três dias para o meu aniversário, que segundo Cristina, iríamos passar na Europa.  Claro que aquilo me deixou feliz, mas com uma pulga atrás da orelha pelo fato de não termos feito absolutamente nada no Alasca associado ao trabalho, a não ser da Cristina e Benjamin terem saído a um dia atrás para resolver algumas coisas na cidade, pois segundo ela, envolve um assunto sério sobre a floricultura de sua mãe. Tadeu ficou me fazendo companhia e eu pude conhecer mais sobre ele, sobre como ele se esforçou quando era mais jovem para ser um cozinheiro, mas isso não tinha dado certo, então começou a trabalhar no que era hoje.  Ele também me contou como conheceu Benjamin, e eu senti algo de errado, já que uma parte de sua história não batia com a versão de Cristina, mas resolvi deixar para lá, talvez ela tivesse se atrapalhado.

Voltando a alguns dias atrás, finalmente falei com meu pai, e a conversa não passou de algo totalmente frio da parte dele e algo ensaiado da minha. Ele perguntou sobre como era o lugar que eu estava ficando, como eram as pessoas e é claro que eu o abstive de vários detalhes, só falando o necessário para ele não ficar bravo. A situação com ele já não era boa antes, imagina se eu falasse a verdade, nem eu estava a aceitando. Mas enfim, ainda carrego o peso na consciência por ter mentido para ele para me livrar de um castigo maior.

Também tive um outro problema chamado Benjamin. Depois daquela noite, por mais que eu estivesse agradecida a ele, era difícil não me sentir envergonhada em lembrar o que aconteceu naquela hora e antes. Então eu simplesmente estava o evitando o tempo todo. Evitava estar perto dele, a não ser quando era necessário, e quando isso acontecia nem chegava a olhar para ele. Não é do meu feitio destratar as pessoas desse jeito, mas eu não conseguia evitar isso, a vergonha era maior, então a todo momento estava fugindo dele. Não sei se ele percebeu isso, mas tenho minhas dúvidas já que o mesmo também não estava a falar comigo direito, porém não sei se é uma coisa dele, ou por quê percebeu o que eu estava fazendo.

Nesse momento estava arrumando minha mala, para viajarmos para a Europa, mais especificamente Milão. Não que minhas roupas não estejam organizadas, já que usei só algumas e a maioria de frio que comprei na cabana com Benjamin.

— Se fosse você jogaria todas no lixo, quando chegarmos em Milão vamos renovar seu guarda-roupa! — Cristina murmura piscando para mim pelo reflexo do espelho.

Ela já terminou sua mala e nesse momento está decidindo qual roupa usar no avião.

— Eu gosto das minhas roupas. — Murmuro dobrando mais uma peça de roupa e colocando na mala.

— Faça o que quiser, mas na Europa enquanto estiver com a gente vai usar as roupas que comprarmos; — Ela avisa e logo depois suspira parecendo frustrada e impaciente. — Não sei o que vestir, se tem algo que eu goste não combina com o momento.

Ela se afasta do espelho, pondo a peça de roupa que estava a experimentar na cama.

— No avião tem ar-condicionado, portanto deveria usar uma camisa com manga, ou até um casaco por cima. — Comento dobrando mais uma peça de roupa e ela olha para mim, como se acabasse de ter uma ideia.

— Mel, você é um gênio. Já faço uma ideia do que tenho que usar; — Ela exclama animada e eu sorrio diante de sua animação. — Termine de arrumar suas coisas ainda hoje, pois amanhã cedo vamos partir para Milão.

Sua animação e satisfação é claramente visível, e talvez isso se deva ao fato que ela nunca sequer foi para Itália, muito menos eu, é claro. Ela sai do quarto com a animação de uma criança, e eu sorrio. Deixo separado tudo o que irei usar até amanhã para a viagem, eu escolhi uma roupa que eu gosto bastante e que acho que irei me sentir confortável no avião. Como lá é confortável, optei por algo com manga, e como em Milão o clima estará abaixo de 20°C, a minha escolha irá se encaixar perfeitamente. Deixo também ao lado da mala, em cima da cama, meus conjuntos de calcinha e que irei usar hoje e amanhã. As duas são de rendas, só que a branca tem algodão e a vermelha é revestida em renda. Fecho minha mala, deixando de fora somente o necessário para as últimas horas que vou estar aqui.

— Até que você não é tão careta assim. 

Me viro num susto e me deparo com Benjamin inclinado no batente da porta analisando o que está em minha cama.

— O quê? — Pergunto nervosa, não entendendo o que ele quis dizer com isso.

Ele faz um leve gesto com a cabeça, apontando para a minha cama. Assim que eu olho para o que estava olhando, eu sinto o meu rosto pegar fogo, me sentindo envergonhada.  Pego rapidamente minhas calcinhas e as ponho em uma gaveta na cômoda que fica do meu lado na cama.

— Eu… Eu só estava arrumando a mala. — Murmuro como uma explicação sem conseguir olhar em sua direção, ainda envergonhada.

— Percebi.

Com as mãos no bolso ele caminha até seu lado da cama e se senta olhando para minha mala. Eu respiro fundo me sentindo nervosa. Tento ignorar sua presença e pego minha pequena bota sem salto e a coloco ao lado da cama, para amanhã eu a calçar.

— Por quanto tempo vai continuar me evitando? Só para eu saber… — Ele questiona e eu levanto o meu olhar para ele, que me encara seriamente sem demonstrar nenhuma expressão.

— Não estou te evitando; — Respondo e ele ergue uma sobrancelha, claramente não acreditando. — Eu só…

Não consigo terminar a frase pois sinto uma irritação no nariz, alertando que estou prestes a espirrar. E assim acontece, e eu logo ponho uma mão na frente.

— Puta merda; — Benjamin diz e eu estreito o meu olhar para ele, nada contente com o seu linguajar. — Eu até estava desconfiado pelo fato de que você não tinha pegado um resfriado antes. A temperatura está muito baixa, e eu fiquei surpreso pois mesmo depois daquela noite em que você se perdeu você não ficou doente; — Ele sorri para mim, me mostrando suas covinhas o que me faz corar. — Para o seu azar tinha que ser bem quando falta apenas um dia para viajarmos para Europa.

— Eu não diria azar. Só falta de sorte. — Ele sorri ainda mais com as minhas palavras.

— Chame do que quiser; — Ele dá de ombros e então se levanta, pegando na sua cômoda uma sacola plástica, onde ele retira um potinho laranja em formato de cilindro e arremessa na minha direção. — Pegue um e dissolva na água. É bom para resfriados.

Assim que seguro o pote, ele começa a caminhar em direção à saída do quarto. Encaro o pote, um tanto quanto pensativa e me perguntando como ele poderia prever que eu precisaria disso.

— Como…? — Pergunto baixinho após ele passar por mim, até que ouço seus passos cessarem.

— Depois que você se perdeu, no outro dia eu fui ao centro de vendas. Lá tinha uma drogaria e eu imaginava que poderia pegar um resfriado facilmente.

Suspiro com a sua resposta e ouço seus passos cada vez mais se distanciando. Sim, eu me sinto extremamente arrependida por ter o destratado, por mais que aquele beijo tenha acontecido, até agora ele só tem demonstrado preocupação. Eu acho que posso manter a minha verdadeira versão na sua frente, contando que eu evite a todo custo que algo como aquela noite do nosso beijo se repita. Espero que tudo se resolva da melhor forma na Europa, e que a minha consciência pesada fique por aqui.

O dia se passou, e já era o dia da nossa viagem. Eu estava terminando de me preparar enquanto os outros estavam à minha espera. Eu não sou o tipo de pessoa que dá trabalho, e sou super regrada em relação a horários, mas hoje por algum motivo, eu acordei um pouco atrasada, e isso estava afetando o nosso horário de voo.

— Vamos indo, senão vamos nos atrasar!

Ouço a voz de Cristina lá debaixo, e eu logo pego a minha bolsa onde está o meu celular com vários livros digitais baixados, e os meus documentos. Desço a escada às pressas e vou para o lado de fora da casa enquanto Benjamin trata de trancar todas as portas e janelas. Minha mala já está na traseira do carro de Benjamin, o mesmo em que ele me trouxe assim que chegamos, e pelo visto, iremos em carros separados novamente. O tempo de viagem de avião, é em torno de 15 à 20 horas de viagem, o que faz com que eu me sinta ansiosa antecipadamente, pois além de eu não poder fazer muita coisa, terei que ficar encarando Benjamin. É por esse mesmo motivo que eu baixei músicas de diversos estilos, para que assim eu possa encontrar qual o tipo de música que eu gosto, já que meu pai nunca permitiu.

Cristina me parece ainda mais sorridente que o comum, e sua animação é contagiante. Ela usa uma calça jeans preta, uma camisa branca e uma jaqueta de couro, o que a deixa ainda mais linda. Por outro lado, eu estou usando uma blusa cropped cinza com o tecido de moletom, uma saia preta cintura alta, uma meia calça preta por baixo e uma a minha bota coturno sem salto. Apesar de não ser algo que seja impressionante, são com essas roupas que eu me sinto verdadeiramente bem. Além de que irei ficar por horas naquele avião, sendo sucumbida pelo tédio.

— Nos encontramos no aeroporto. — Ela acena para mim indo na direção de Tadeu, que estava esperando por ela na frente do seu carro.

Sorrio para ela, e é quando Benjamin finalmente aparece ao meu lado.

— Vamos lá; — Ele guarda o que parece ser um maço de cigarros em seu bolso e eu suspiro, ao menos contente de que ele não faça essas coisas próximo a mim. — Pronta? — Ele pergunta jogando uma bala de menta em sua boca.

Dou de ombros e lanço-lhe um sorriso sem graça.

— Acho que sim.

A verdade é que eu acho que o sono está me afetando, já que nem esperamos o sol nascer para começarmos a nos arrumar.

— Eu te ajudo a subir. — Ele avisa e eu olho na direção que Cristina foi, percebendo que agora o seu carro está partindo.

Olho para Benjamin que tem uma mão estendida na minha direção, me encarando com a sua sobrancelha erguida. Eu só preciso manter a simpatia. Ele só quer me ajudar…

Ponho minha mão sobre a sua e ele sorri, cumprindo com suas palavras.

Fizemos o caminho até o aeroporto, e lá fomos no mesmo avião particular que pertence à família de Cristina. Nos sentamos todos nos mesmos lugares que a última vez, e só de olhar para Cristina era visível a sua ansiedade em chegar em Milão. Eu também não estava por baixo, ontem mesmo antes de dormir eu pesquisei por lugares em que eu poderia visitar no meu tempo livre, apesar de eu achar que isso não será um problema já até agora eu não fiz nada de útil sobre a floricultura. A única coisa que me alivia, é saber que finalmente vou conseguir pagar o tratamento da minha mãe.

— Bom dia, posso servir em algo para vocês?

Uma mulher com o uniforme da companhia do avião, surge ao nosso lado com um sorriso simpático, porém com seus olhos vidrados em Benjamin.

— Omelete e um cafezinho. — Benjamin responde e olha para mim esperando por uma resposta.

Como saímos às pressas de lá, não tivemos tempo de tomar um café decente. Somente comi uma maçã para não ficar sem nada no estômago e consequentemente acabar passando mal.

— Um chá e um pão francês, por favor. — Pelo me sentindo apreensiva, já que eu não sei se terá algo assim aqui.

A moça nos responde com um sorriso e pede para aguardarmos.

— Chá? — Benjamin questiona assim que a mulher sai do nosso campo de visão.

— Sim, não sou fã de café e já estou acostumada a começar o meu dia com uma xícara de chá.

Benjamin me olha como se eu fosse a pessoa mais estranha do mundo, e eu só sorrio. A verdade é que eu nunca consegui entender o motivo das pessoas amarem tanto o café, que para mim é uma coisa comum.

A aeromoça traz nossos pedidos, eu e Benjamin comemos em silêncio, só que eu acabo demorando mais no chá, o apreciando já que ele está realmente muito bom. Olho através da janela. As nuvens em que estamos passando, quando uma dúvida se passa pela minha cabeça.

— Benjamin; — Ele olha para mim. — O que vamos fazer em Milão para contribuir na floricultura? Quer dizer, eu nem sequer entendo o porquê dessa viagem.

Ele me encara por alguns segundos enquanto eu torço para ele eliminar toda a confusão que está rondando a minha mente. Ele suspira endireitando sua postura.

— Você deve saber que ao redor do mundo existem diferentes tipos de plantas, certo? — Ele pergunta e eu assinto. — Bom, recentemente, Fernanda, a mãe de Cristina, recebeu um pedido de um tipo diferente de flores, onde encontramos apenas na Itália. A mãe dela já estava querendo expandir o seu negócio e achou essa solução como perfeita. Resolvemos ajudá-la, já que o seu negócio poderia beneficiar o nosso trabalho também. Por isso, além de que Cristina precisa assinar uns documentos em nome da mãe, precisamos estudar novas plantas, como a semente e coisas do gênero, e é para isto que você está aqui. Estamos somente pelo motivo de estarmos patrocinando a viagem, e pelos nossos status, que podem influenciar nas compras e vendas.

Eu me perco um pouco em suas palavras, mas consigo acompanhar a sua linha de raciocínio. Assinto, refletindo suas palavras e o meu real dever.

— Então eu estou aqui para realizar pesquisas?

Coloco a xícara na mesa a minha frente, e Benjamin brinca com o anel em seus dedos, com um olhar distraído.

— Você deve ter um bom conhecimento em plantas, já que trabalha com isso. E também porque Cristina precisa de apoio.

— E você, com o que trabalha? — Mudo de assunto e então ele desvia o seu olhar do meu.

— Nada de interessante. Com licença… — Ele pede se levantando de sua poltrona e seguindo até a cabine dos fundos, na qual eu vi que tinha um pequeno quarto e um banheiro do lado.

Ele parece não gostar de falar sobre si próprio. Mas isso não será um problema, pois não estou realmente interessada em saber sobre ele. Tomo mais um gole do meu delicioso chá encostando minha cabeça no encosto da poltrona. Espero que tudo dê certo por aqui também...

Durante toda a viagem eu fui escutando e conhecendo novas músicas, algumas até que Benjamin recomendou para mim de sua banda de rock preferida, só que eu achei o som violento demais e preferi sons mais alegres e que eu sentia que me definia. Gostei até mesmo de músicas românticas e tristes. No final, percebi que todas aquelas histórias que meu pai dizia sobre essas músicas serem do diabo, não fazem mais sentido, já que nenhuma das que eu ouvi pregava ódio ou coisas associadas ao mal. Na outra metade do tempo, eu pedi mais chá e até mesmo conversei com todos ali. Cristina não parava de falar como estava animada em conhecer Milão e assim que chegasse íamos fazer compras. Tadeu falava de suas experiências em Milão e como o lugar em que vamos ficar é bem chique. Benjamin ficou somente observando todas aquelas conversas sem muito interesse, e até recebeu algumas ligações na qual parecia bastante importante, já que o mesmo entrava na cabine do quarto. Entre tudo isso já tinha se passado em torno de 18 horas.

Estávamos no táxi, a caminho do Hotel em que vamos ficar. E durante o caminho eu não parava de olhar para as ruas de Milão com um misto de ansiedade, animação, medo e surpresa, porque tudo naquele lugar me soava magnífico. Novamente Benjamin me lançou mais um de seus comentários, dizendo que não havia motivo para a minha surpresa, e que ele já estava acostumado com aquilo. Mas como ele bem disse, ELE estava acostumado com aquilo, não eu, que só sai da cidade no guia de Museu que a igreja ofereceu, e eu pude visitar o museu da cidade vizinha, mas nada além disso.

O táxi enfim parou numa viela que eu posso dizer ser impressionante, tanto com iluminação quanto seu estilo próprio da Itália, não que eu já tenha vindo aqui para saber. Todos descemos do carro, e eu olho para isso impressionada. Quem diria que um dia eu estaria em Milão, na Itália. Pensando por esse lado, eu percebo sobre o quão eu pensei pouco sobre minha vida. Nunca desejei viajar para fora, ou ter um plano de vida alto, mas nesse momento, percebi o quão estava errada a minha percepção da vida. Por que não pensar alto? Por que eu não poderia um dia conseguir viajar para os meus lugares preferidos, e por que eu deveria me privar dessas coisas?

Me sinto ser observada, e então olho para o meu lado, me deparando com um Benjamin divertido ao meu lado.

— Vou admitir que gosto de ver como fica animada com essas coisas.

Ele me lança um sorriso de canto, e eu sinto minhas bochechas esquentarem por enfim, durante todo a viagem ele não está me provocando.  Percebo Cristina entrando quase que correndo com Tadeu logo atrás com as malas, quando Benjamin vem até mim depois de pagar o táxi, e pegar a minha mala.

— Vamos subir para deixar nossas coisas no quarto, eu vou numa concessionária logo em seguida. — Ele avisa ajeitando a mochila em seu ombro, caminhando em passos largos para dentro do hotel, enquanto arrasta minha mala.

— Para quê? — Pergunto me sentindo tímida.

Eu sei bem o que uma pessoa faz numa concessionária, porém estamos em um país distante de onde moramos. Eu não vejo motivos para se comprar um carro que ele nem vai conseguir levar para o Brasil.

— Porque eu quero um carro.

Adentramos o local, e a minha atenção é completamente desviada para a magnitude do interior do hotel. Lâmpadas amareladas acopladas no teto tornam a visão do local bastante agradável, até mesmo a sensação. É quase como se eu estivesse em um lugar sagrado. Benjamin praticamente ignorando toda a beleza do lugar, caminha rapidamente até o elevador após passarmos pela recepção. Eu apenas o sigo em silêncio, me perguntando o motivo de não termos pegado as chaves ou pegar um quarto. Ele aperta o botão do último andar, mas antes me lança um olhar, o qual me deixa ainda mais ansiosa.

— Último andar? Cadê Cristina e Tadeu? — Questiono enquanto Benjamin se inclina na parede do elevador com as mãos no bolso.

— Eles devem ter pegado outro elevador, e sim, o último andar.

Olho para o meu reflexo no espelho do elevador, notando como eu e Benjamin somos muito diferentes um do outro. Benjamin tem essa aura masculina, que intimida qualquer pessoa, e sem falar no seu modo de se vestir e como olha para as pessoas. Benjamin é bonito, e isso nem mesmo eu posso negar, e mesmo com suas tatuagens e barba ele é facilmente destacado. Muito pelo contrário de mim, que pareço uma pessoa comum. Meu cabelo apesar de ser ruivo, é um pouco ondulado, meus olhos são esverdeados e possuo sardinhas de bochecha a bochecha. E apesar dessas diferenças, eu ainda assim pareço uma pessoa comum. O meu corpo e estilo também não é algo que se destaca, somente os meus seios e quadril, nos quais eu passei boa parte da minha vida tentando escondê-los. Respiro fundo esperando ansiosamente o elevador chegar no último andar, com algumas dúvidas em minha mente, como o porquê de não termos parado na recepção para pegar chaves ou aqueles procedimentos que fazem nos hotéis.

Quando as portas se abrem e dou de cara com um enorme corredor com quatro portas, duas de cada lado e suas paredes cinzas. Com luminárias prateadas em cima de cada porta e tudo isso faz com que eu perca o ar, deslumbrada.

Benjamin sai do elevador, se dirigindo à uma porta que eu diria ser pivotante, entre as quatro portas que tem ali. Duas a cerca de 5 metros de distância da outra, e mais duas do outro lado do corredor. Benjamin, sem mais rodeios, coloca a palma de sua mão sobre uma das portas e ela se abre. Não consigo evitar de olhar para aquilo me sentindo surpresa por nunca ter me deparado com algo assim.

Ele olha para mim e então uma coisa passa pela minha cabeça. Vamos ficar novamente no mesmo quarto?

— Nossos quartos são lado a lado. — Ele responde como se tivesse lido meus pensamentos e eu assinto, me dirigindo ao quarto do seu lado.

Olho para aquela porta sem saber ao certo o que fazer, e logo depois percebo Benjamin se aproximando de mim.

— Tem que cadastrar sua digital. — Ele explica colocando sua própria mão e logo depois, o mesmo espaço que ele colocou sua mão, fica vermelho. Ele me olha como se pedisse minha permissão e logo em seguida segura a minha mão, a guiando para o espaço vermelho na porta.

Seu toque acaba me causando pequenos arrepios que atingem cada terminação nervosa de meu corpo, o que me faz perguntar o porquê do meu corpo está reagindo assim, já que isso nunca aconteceu.

— Pronto, aqui está sua mala; — Ele deixa minha mala em meus pés. — A não ser que queira que eu leve até o seu quarto. — Ele ergue a sobrancelha sugestivamente e eu arfo, desviando o meu olhar do seu.

O que ele está tentando fazer?!

— Não, obrigada. eu consigo a levar. — Murmuro olhando para minha mala que é de um tamanho médio, e eu não diria que trouxe muitas roupas então...

Ele sorri e se dirige ao seu quarto, entrando sem mais demora. Olho para aquele imenso corredor com somente quatro portas, e fico me perguntando se lá dentro é tão grande quanto parece por fora. Empurro a porta com um tanto de ansiedade, e o que eu vejo lá dentro me faz arfar. Oh céus! Isso é... Magnificamente chique.

Entro naquela enorme sala, com uma mesa de jantar enorme no fundo ao lado de uma parede de vidro com uma vista para o mar e uma parte da cidade. Do lado direito tem uma bancada e o que parece ser uma cozinha americana. Ao lado tem duas portas. Do lado esquerdo tem outra porta, com o que parece mais uma vez um sistema no qual eu preciso colocar minha mão.

Deixo minha mala naquela enorme sala, e começo a caminhar com atenção por aquele lugar. Vou até a porta que tem ao lado da cozinha, e dou de cara com um quarto ainda maior do que eu imaginava. Oh céus, acho que esqueci de respirar.

Volto até a sala e a atravesso, indo até o lado esquerdo, parando em frente da porta com o mesmo sistema de toque. Meio apreensiva, coloco a palma da minha mão e ela se abre. A empurro com a curiosidade tomando conta de mim, e novamente me surpreendo.

É um quarto com piscina! Ai meu Deus, é um quarto com piscina!

— Bom, parece que alguma coisa vamos ter que dividir… — Tomo um susto e me viro na direção da voz, me deparando com Benjamin encostado no batente da porta do outro lado da sala.

Olho para ele confusa, e só então eu ligo os pontos.

É uma piscina em conjunto...

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