Camila sentia que aquela pintura era, de longe, a melhor de toda a sua carreira nos últimos dez anos. A composição era perfeita, os detalhes, incrivelmente realistas, e a obra transbordava vida, cor e emoção. Contudo, foi completamente rejeitada por Joaquim e seu cliente. Por um instante, ela chegou a duvidar de suas próprias habilidades.
Com muito esforço, conseguiu enrolar a tela. Segurando-a com cuidado, Camila deixou a casa da família Salimo. Quando voltou ao Condomínio Hipicus, o céu já estava escuro.
No estúdio, Camila sentou-se sozinha em sua poltrona, à penumbra. Parecia uma árvore que havia sido atingida por um raio, despojada de sua vitalidade e esplendor. Não acendeu a luz. Ficou ali, imóvel, com a postura curvada, algo raro para quem sempre mantinha a coluna reta e elegante.
O peso daquela rejeição esmagava seu coração. Era como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, e um vazio imenso tomasse conta dela.
Renata, preocupada, subiu para chamá-la para o jantar:
— Srta. C