Samira
— Oh! Samira! — Alina olha-me com os lábios presos entre os dentes para segurar a risada, mas não conseguiu contê-las. A sua risada alta e sem reservas contagiou o quarto silencioso. Então, eu também comecei a rir. Fazia algum tempo que eu não desfrutava da sensação reconfortante de uma boa risada.
Eu tinha acabado de sair do banho e com a toalha ainda enrolada no meu corpo, vasculhei o armário pela terceira vez atrás de roupas íntimas, no caso de eu não ter procurado direito antes,mas não encontrei. Já fazia dois dias que eu não usava nada debaixo dos pijamas sedosos que Dimitri comprou. Então, Não teve outro jeito a não ser, contar a Alina ,uma vez que ela já está desconfiada por me ver revirando os armários . E além disso, eu realmente gostaria de calcinhas e sutiãs.
— Desculpe, é que isso é meio engraçado —disse ela ainda rindo.
— Como já disse. Essa foi a primeira vez que soube que Dimitri encomendou roupas para uma mulher. Surpreendi-me que ele não tenha pensado que precisa delas ou, todas as mulheres com quem ele sai, não as usa. — disse ela corando e ficando de repente sem graça, por dar-me aquela informação.
— É ,pode ser. — Comento, estranhamente incomodada com a suposição .Será que, se nós se casasse, ele ainda ia sair com todas essas mulheres? Penso que a resposta é sim. Esses homens seguem muitas regras, mas ser fiel às suas parceiras e esposas, talvez não faça parte delas.
— Não se preocupe. Vou dizer a ele. Vai ter tudo que precisa em passos de minutos.
— Não! — Pedi em desespero, sentindo o meu rosto queimar de vergonha. O pensamento de Dimitri me comprando roupas íntimas, é constrangedor e muito embaraçoso. Mas, um ideia veio-me espontaneamente na minha mente. Eu poderia usar isso para voltar à casa do meu pai e conseguir algum dinheiro. Ainda tenho as joias da minha mãe. Depois daria um jeito de fugir daqui.
— Qual é o problema? Vai precisar delas, não é ?
— Alina perguntou desconfiada.
Pergunto-me se realmente fala sério.
— Sim eu preciso, mas basta pedir a ele para buscar as minhas coisas e trazê-las para cá, já que, duvido que ele me deixe fazer isso. — disse a ela, que me lançou um olhar de compreensão. Pelo jeito que é durão, ele não ia fazer isso sem me levar junto. Ao menos espero.
— Posso fazer uma pergunta? —Ela me olha e enrolar uma mecha de cabelo entre os dedos sem jeito.
— Claro. — Autorizo a um sorriso.
— Se você não estava de acordo em se casar com ele, por que não recusou ? — perguntou ela mais sem jeito ainda.
— Eu recusei , mas, não adiantou. O meu pai disse que Dimitri e a sua família não aceita não, que a minha recusa, ia ser uma afronta e desrespeito. Enfim, ele não me deu o poder da escolha.
— Eu sinto muito por dizer isso e você , Samira . Mas seu pai pode ter entendido errado.
— O que quer dizer? — Perguntei.
— Eu não devia falar essas coisas. Se souberem que estou fofocando , vou ficar encrencada.—diz ela cheio de arrependimento na voz
— Eu não vou contar nada , Alina. Por favor, fale o que sabe .E além disso duvido que qualquer coisa que diga sobre o meu pai possa-me magoar mais do que ele já fez.
— Ouço e vejo tudo o que acontece nesta casa e posso-lhe garantir que Dimitri nunca obrigaria alguma mulher a se casar com ele.
— Como sabe disso? O que ouviu?—Perguntei.
Eu estava enganada essa conversa pode sim me magoar. Dimitri tinha me falado que não queria mais se casar comigo, mas como eu poderia saber se ele dizia a verdade?
— Eu ouvi a conversa deles, o seu pai disse que você estava de acordo com tudo. — Ela olha-me indecisa se continuava ou não.
Seguro as suas mãos nas minhas encorajando a continuar.
— Dimitri também não estava muito feliz com o arranjo. Bom, no começo ele parecia estar , depois ele considerou esse casamento entre vocês uma má ideia.
Saber que o sem coração não me quer só reforça o que eu já esperava desse casamento. Eu não ia passar de um objeto sem valor algum. Então é mesmo verdade, ele não me queria
— Mas o seu pai e sr Dario insistiram na união. O seu pai foi o mais insistente nisso. Vivia dizendo a Dimitri que você estava muito ansiosa para conhecê-lo pessoalmente e muitas outras coisas.
Os meus olhos arderam entre as lágrimas e joelhos se dobraram para baixo fracos e trêmulos.
Quem era meu pai afinal? Não, ele não pode ser o meu pai. Como ele pode ter insistido em algo que eu não queria?
— Droga ,eu não devia ter te contado essas coisas. — Lamentou ela, me olhando triste.
Limpo os meus olhos e tento forçar os meus lábios num sorriso.
— Você não é culpada pelas coisas que eles estão-te acusando, não é mesmo? — perguntou com ternura na voz.
Balanço a minha cabeça quando um nó aperta a minha garganta dificultando que eu seja capaz de dar-lhe uma resposta.
— Pode ser que isso não signifique nada para você,mas vou dizer da mesma forma. Não acredito que tenha alguma culpa. — disse cheio de sinceridade nos olhos.
Sem me conter dei-lhe um abraço forte.
— Obrigada. Isso significa muito, muito mesmo.
Ela sorri surpresa com o meu gesto de agradecimento. Os sons de passos de botas chamou a nossa atenção. O meu coração disparou à medida que os passos abruptos e urgentes se aproximaram da porta do quarto. Eu não precisava de uma bola de cristal para saber que o dono dos passos era de Dimitri. E muito menos para saber que nada de bom podia vir de alguém com passos quase violento como aquele. Adrenalina percorreu o meu corpo fazendo o meu coração tamborilar forte e rápido no meu peito.
— Samira? — O que foi? — Perguntou Alina com os olhos arregalados quando peguei um vestido e corri para o banheiro. Ela ainda pergunta? Tranquei a porta e comecei a vestir-me o mais rápido que pude. Deus! O que ele descobriu contra mim dessa vez ? A pergunta é ,quem está tentando-me incriminar ? O meu pai pisou na bola feio comigo , mas aí incriminar-me? Ele não ia tão longe.,mas tenho certeza que é por isso que Dimitri está aqui.
Os passos cessaram, e sem bater ,ele abriu a porta bruscamente. Além de grosseiro é um sem educação.
— Onde ela está? — A voz gutural de Dimitri sou parecida com de um trovão irritado e muito furioso.
— Ela está se trocando no banheiro . — Alina respondeu calmamente . Muito diferente de mim que estou a tremendo . Eu já estava vestida, mas não quis sair. Talvez ele vá embora se eu me demorar aqui fingindo que estou-me trocando, pelo que notei ,ele não é muito paciente.
— Pode ir, Alina. Tenho uns assuntos para tratar com ela.
Ai o meu Deus, ele não vai esperar.
Ele parecia mais calmo,mas não me convenceu. Quase gritei para Alina não me deixar sozinha com ele,mas mesmo que eu pedisse, ela não ia desobedecer a seu chefe. Que seja! Digo a mim mesma ao tentar-me acalmar antes de encará-lo, mas foi inútil. Era impossível ter qualquer calma. Abri a porta devagar me sentindo como um ratinho assustado preste a ser devorado por um leão feroz , implacável e lindo . Meu Deus! Qual é meu problema? Ele odeia-me e parece que quer me engolir viva.
— Quer falar comigo? — A pergunta tola saiu dos lábios com dificuldades.
Claro que ele quer a sua boba porque, mas ele estaria aqui?
Ele não me respondeu de imediato, o que me fez olhá-lo. Os seus olhos estão fixos em mim,
no lugar da irritação que eu esperava ver nos lindos olhos , há outra coisa quando os mesmos olhos sagazes correm rapidamente pelo meu corpo. O seu rosto se contorce levemente numa careta, como se olhar para mim tivesse-lhe causando algum desconforto. Eu era pareço tão repugnante ? Ou tem algo de errado com o meu vestido?
Ele desviou os seus olhos tão rápidos assim que percebeu que eu o encarava enquanto ele inspecionava o meu corpo. Aproveitei o seu olhar longe de mim para dar uma boa olhada nele. A jaqueta de couro surrada e a calça jeans no mesmo estado, estão sujos de poeira. Não consegui manter os meus olhos longe dele. Admirei o seu porte físico, o seu rosto, os seus olhos, a sua boca... Uma tosse forçada saiu dos seus lábios chamando a minha atenção. A vergonha queimou a pele do meu rosto por ter sido pega admirando.
— Vejo que o seu pé está melhor. — Comentou com as sobrancelhas arqueadas e o rosto contraído.
— Sim, está melhor, não quebrou nada. — Falei, olhando desconfiada para o envelope nas suas mãos.
— Obrigada por ter enviado o médico. — Agradeci, um pouco nervosa pelos motivos dele estar ali.
— Foi um pedido do seu pai. — disse ríspido. Então o meu pai ainda se preocupava comigo afinal de contas. Aleluia ele não me abandonou.
— E todas essas roupas no armário foi ele que comprou para mim? — perguntei, mesmo sabendo que foi ele. Queria pegá-lo nas suas mentiras.
— O que isso importa? Devia agradecer invés de fazer tantas perguntas. Não é por isso que estou aqui.
Estremeci, com a frieza e aspereza em seu tom de voz.
— Agradecer ? É sério? Você tem-me prisioneira, estou sendo acusada de coisas que não fiz. E pensa que lhe devo agradecimento?
O seu maxilar se endureceu quando ele olhou para mim. Fiz de novo. M*****a língua traidora que não me deixa fora de problemas . O meu pai vivia-me recriminando por falar sem pensar antes. Dizia que se eu me casasse com Dimitri, tinha que aprender a guardar os meus pensamentos impertinentes para mim mesmas e tomar cuidado com o que eu falava. O homem na minha frente não é muito amigável e odeia ser contrariado. No momento que ele se move, e se aproxima de mim,penso que eu deveria ter acatado os conselhos do meu pai.
— Sim, você devia me agradecer, e muito.Em outra ocasião , eu não seria tão compreensivo com traidores mentirosos como estou sendo com você.
— Se pensa que sou mentirosa e uma traidora, por que está sendo tão compreensivo? — Perguntei, movida por uma curiosidade, que se eu considerasse seu olhar quase predador eu teria deixado para lá.
— Não me provoque! — rosnou ele, irritado com a pergunta. Então, o medo dentro de mim se foi. No lugar do medo a raiva correm nas minhas veias.
— Pois bem! Puna-me. Não é isso que está doido para fazer?
— Desafiei encarando os seus olhos. Eu já estou ficando cansada disso tudo . Cansada de tantas acusações sem fundamentos e ameaças .Elas estão me desgastando cada dia mais e o pior de tudo, já estou farta de tentar compreender as intenções de Dimitri. Se ele pensa que sou isso tudo, por que não faz o que tem que fazer de uma vez?
Ele ficou em silêncio, mas não se afastou. Pelo contrário , juntou o seu enorme corpo no meu e me pressionou sobre a parede.
— Não me desafie garota! Não hesitarei em dar-lhe uma punição. — Rosnou com a voz rouca. O seu rosto estava tão perto, a sua respiração ofegante e quente tornou o meu coração quase em colapso.
— Pois faça! Estou cansada disso tudo. Não é isso que faz de melhor? Punir as pessoas?
— a minha voz saiu fraca diante ao calor que vinha dele. Acabei de provocar a minha penitência. Fechei os olhos esperando por ela,mas ela veio de uma forma que não esperava. Os seus lábios se chocaram contra o meu, famintos, vorazes, ansiosos e quentes como uma brisa de verão. A minha mente dizia para afastá-lo,mas, os meus lábios e o meu corpo não estavam de acordo..