Em meio às grades, Badá, um homem de semblante sério e atitudes rudes, vê sua vida entrelaçar-se com a de Maria. Ela, movida pela urgência de salvar sua mãe, busca ajuda inesperada na prisão. O que começa como um acordo frio revela camadas mais profundas quando segredos emergem, desafiando a frieza de Badá e desvendando uma história intensa de redenção, conexões surpreendentes e escolhas que mudarão destinos.
Leer másBadá
Uma bala pode matar de 3 formas.A primeira: Nas extremidades. Sem uma arterial principal terá de 10 a 20 minutos, antes de sangrar até morrer.A segunda forma, em qualquer lugar da caixa torácica, centro do peito. A bala resvala, ossos são partidos o coração ou uma artéria é atingida, e a pressão sanguínea cai pra zero. A última forma é o tiro fatal, centro do crânio, qualquer ângulo. Como uma marionete com as cordas cortadas, você morre antes do seu cérebro saber o que houve. Armas mudam tudo, e uma bala é pra sempre.- Bob Lee Swagger(...)Sou filho de mãe solo, e nunca me importei com isso. Minha coroa junto com minha vó sempre batalhou pra me criar. Eu não conhecia meu pai, até 15 anos atrás quando finalmente bati de frente com ele.Minha mãe sempre me contou o quanto ele negava minha existência, e até ofereceu dinheiro para o aborto quando ela contou que estava grávida.A vida tem muitas circunstâncias, e todas elas voltam no início de onde você saiu, sempre pra te cobrar por um erro que tu cometeu lá atrás. A terra é o verdadeiro inferno, irmão. Então não pense tu que vai fazer maldade e passar batido, nossos pecados pagamos aqui mesmo.Nascido e criado no salgueiro, era só um moleque qualquer, catarrento que corria na rua descalço pra jogar bola, porém um dos mais necessitados desse sistema falho que é o Brasil. Uns com tanto e outros sem ter ao menos um pão pra comer dentro de casa.A desigualdade brasileira é muito grande, e há quem diga que entra pro crime quem quer.A vida do crime não é fácil, apesar de muitas pessoas acharem que é. "Entra quem quer", "é só arrumar um emprego digno", "bandido bom é bandido morto". Isso só vale para os negros da favela ou vale para os engravatados lá de Brasília?É muito fácil julgar quem tá no crime hoje em dia, quando a maioria já nasceu de cu virado pra lua. Não precisa trabalhar, tem tudo que quer, carro aos 16 anos de idade, casa como presente de aniversário.Quando sua realidade é totalmente diferente e te deixa frustrado. Eu nunca tive isso, nunca tive um pai presente, uma festa de aniversário, uma bicicleta. E ver sua mãe doente se matando na casa de madame pra sustentar seu filho, sofrendo humilhação todos os dias, e tu ali, parado, sem poder fazer nada.Sai pra entregar currículo em qualquer lugar, mas quando menciona ser morador de favela e negro, eles nem fazem questão de analisar seu currículo, simplesmente rasgam na sua cara e jogam fora.Tu acha que eu queria essa vida pra mim? Nem fudendo, meu parceiro. Também quis estudar e ser alguém na vida, um médico, arquiteto, tanto faz. Ser diplomado e dar orgulho aquela que me criou, mas as circunstâncias da vida eram totalmente diferentes das que eu esperava.Entrei para o crime porque foi o meio mais fácil de conseguir dinheiro e tirar minha mãe daquela humilhação, depois de tanto currículos entregues e depois de ouvir tantos não, uma hora cansa, tá ligado?Mas esse não é o conselho que eu dou pra molecada hoje em dia não, estude, respeite pai e mãe e o restante Deus proverá.Aos meus 12 anos entrei como aviãozinho, um papel aqui outro lá, e fui só crescendo. Aos 14 fui fogueteiro, e te contar que era louco pra sentir a adrenalina dos caras trocando tiro com a polícia, sempre me fez enxergar que eu poderia ir mais além na hierarquia do crime. Aos 18 era subgerente, num confronto com a polícia tomei dois tiros que quase me deixaram sem andar. Já o finado G3, não teve a mesma sorte.Ele era o dono do Salgueiro, e com sua morte tive que assumir a responsabilidade dessa porra toda, e tão novo. E é aquilo né, dinheiro e poder sempre vai subir pra cabeça de alguns e pra tentar atrasar o lado de qualquer pessoa, nego é capaz de tudo."Em troca de dinheiro e um carro bom, tem mano que rebola e usa até batom."Minha cabeça vale ouro dentro do rio de Janeiro inteiro, e eu tô ligado nisso a mó cota. Tô aqui hoje, cumprindo minha pena desde os 22 anos por ter matado um policial. E aqui dentro, tu é herói pra uns e inimigo declarado para outros, 15 anos preso e todos os dias alguém afim de me matar, é de fuder mesmo. Dormir com um olho aberto e outro fechado pra não amanhecer com a boca cheia de formiga.Quantas e quantas vezes já levei sacode desses guardinhas de merda daqui de dentro dessa penitenciária. A comida era horrível, muita das vezes eles deixavam no sol só pra ter o prazer de ver a gente comer esse rango todo azedo. Cadeia é pra reabilitação, reeducar o criminoso? Nem fudendo. O irmão vai preso por roubar um leite pro filho, cumpre aí, 5 anos de pena, e quando sai, tu é pra sempre conhecido como ex presidiário. Quem é que vai dar emprego pra essa cidadão? Ninguém. De ladrão de leite, ele vai para assaltante de banco, me diz aí tu, de que valei os 5 anos preso?Foi numa operação que teve na favela, a bope invadiu pesadão no meio do dia, várias crianças saindo da escola e outros moradores voltando do emprego. Eles nunca invadem de madrugada, vai tá geral em casa po, só os bandidos na rua, por que não batem de frente?Desci o beco com os menor e adrenalina a mil, já com sangue quente que me deixava cego, esses bagulho me incomoda pra caralho, trocar tiro no meio do dia com geral na rua e coisa de covarde, tá ligado? Mas dou minha cara a bater e meto o peito pra defender os meus sem pensar duas vezes.As pessoas naquele morro me viam como um herói, e eu nem sabia se merecia aquela porra mermo.Um blindado e dois policiais do lado de fora, meu fuzil apontado pra um deles, quando minha mãe chegou gritando desesperada, que ele era meu pai..."Destino implacável, revelou seu segredo."No momento eu só senti ódio, e queria encher a cara dele e aquele blindado de tiro até descarregar o pente, sem remorso nenhum. Por um momento mudei de ideia, e abaixei o fuzil.💭Luzia: Não faz isso meu filho, ele é seu pai...Badá: ele não vale nada, a senhora foi mãe e pai!Luzia: seja diferente dele então, não se iguale a esse erro...Aponto o fuzil pra ele que já estava com as mãos para o alto, meu dedo já tava pronto pra disparar, eu olhei dentro dos olhos dele e não via um homem com dignidade, e ele sempre com aquele sorrisinho irônico no rosto como se fosse o maior de todos eles. Um verme!Badá: Só não te mato por que eu não sou igual ao senhor...Foi tempo de eu abaixar a arma, e ele disparou dois tiros no peito do formiga, menor caiu ajoelhado.💭3 meses para minha liberdade, e eu sinto que a cada dia se torna mais difícil sobreviver aqui dentro.Um tiro de fuzil, no meio do crânio do homem que se dizia meu pai, 15 anos perdidos dentro da cadeia, o sofrimento de uma mãe lá fora, e um morro inteiro esperando sua volta.Uma bala é para sempre!Eu pensei que um mesmo coração não pudesse ser quebrado tantas vezes. Mas ele é capaz, afirmo isso depois de juntar os cacos e voltado para casa, sozinha, semanas atrás quando encontrei Badá conversando com quem ele jurou de pés juntos, não ter mais contato. LK: O que foi que tu tá pensativa, aí? — LK pergunta, alisando minhas costas nua com o meu rosto virado para o lado contrário — quer falar sobre isso?Mavi: Não é nada. Só estou cansada de organizar as coisas do aniversário da Lavínia, quero que fique perfeito. Lk: E vai, po. Menorzinha vai se amarrar, tu vai ver. Mavi: Uhum…Lk: Eu vou pra casa — afirma — tenho que fazer um bagulho amanhã cedinho. Mavi: Vai voltar a noite para o aniversário da Lalá?Lk: Sei não, preta. Não quero conflito com Badá por ele ter sido um mano meu — solto um suspiro frustrada e me levantando, sentando — cai nos teus encantos e me rendi a isso, por que de início te achava uma adolescente rebelde pra caralho, tá ligado? Mas quando fui perceber, a gen
MariaUma mente bagunça pode te levar a loucura, e nesse momento estou a ponto de surtar por não fazer absolutamente nada. É a primeira vez que venha no na Penha depois que tudo aconteceu, e eu ainda não sei o que vim fazer aqui, de fato. Minha ex sogra fez questão de me ver, ex porque ainda não defini o que eu e Badá voltamos a ter, mas a real é que eu não me sinto nem um pouco confortável aqui. Badá sumiu alguns minutos, e conversar com a família dele me faz sentir sufocada. Parece que são pessoas totalmente desconhecidas para mim, e apesar de está presente aqui, minha mente está longe.Rose: Lavínia está com quem, Maria? — minha ex sogra pergunta. Mavi: com a minha irmã, vou pegar ela hoje à tarde. — ela afirma com a cabeça, o primo de Badá, Bira, me encara desde a hora em que eu cheguei aqui, e ainda não sei o motivo pra ter vindo — eu vou dar uma volta até a casa que era da minha mãe, daqui a pouco eu volto. Rose: Fica aqui, menina. Espera Roger pra ir contigo!Mavi: Eu nem s
Não tive tempo para racionar o que ele queria que eu fizesse, e quando me dei conta já estava em cima de uma laje com um fuzil silenciado apontado para um ponto que ele mesmo escolheu. A favela está silenciosa por ainda ser bem cedo, o sol mal nasceu e eu estou pique bandido treinado aqui em cima, com um fone nos ouvidos para me comunicar com ele. Mavi: isso não vai dar… — falo baixinho e suspiro fundo. Badá: Vai sim, pretinha… — a voz dele ressoa do outro lado em um cochicho — mas precisa confiar em mim agora. Mavi: Tem um fuzil na minha mão, quase maior que eu. E eu não sei o porque disso, então não tem como confiar. Vou precisar matar alguém?Badá: Não. Te expliquei onde tem que atirar se algo acontecer. — o estrondo o caveirao que sempre me fazia assustar quando ainda era criança, pode ser ouvido de longe. Sei que eles estão subindo — Maria, presta atenção. Não vai matar ninguém, atira na perna só pra imobilizar, estou desarmado, é só até eu ter tempo. Mavi: mas é se eu atira
Sinto meu corpo em brasa e fico moldada a ele. Quando sua boca retorna para mim, meu corpo todo está pulsando em pura vida. Meu corpo se movimenta mais, colando ao seu, friccionando meu seio em seu peito. Apenas percebo aonde estamos indo quando o colchão se afunda embaixo das minhas costas, com o nosso peso. Badá se ergue sobre mim e deixa sua mão escorregar em meu corpo, subindo-a lentamente e levando a barra da camisa para cima, deixando meus seios à mostra quando ele a tira de mim. Existe luxúria em seus olhos. Mavi: Badá… — eu arfo seu nome — espera…Badá: Que foi? Quer parar?Sim, queria. Mas não por não querer ter isso com ele agora, mas só por saber que depois disso, não vai voltar a ser como antes. Eu não vou mais odiar ele, por que não existe motivo e por mais que eu minta para mim mesma, ter o corpo pesado dele em cima do meu, me faz lembrar somente dos bons momentos que tivemos juntos, e é por isso que estamos aqui agora. Mavi: esquece…Badá: Ele nunca vai ser como eu, M
Não sei como consegui dormir, mas me acordo rapidamente quando meu celular começa a tocar sem parar. Olho para a cama de Lavínia ainda dormindo, ainda escuro lá fora então é madrugada e no visor, o nome de Isadora. Mavi: Oi? Aconteceu alguma coisa?Isadora: Desculpa te ligar essa hora, mas é importa. Eu e Leonardo estamos indo aí agora, precisa arrumar as coisas da Lavínia e ela vai vim comigo. Mavi: O que? — me levanto no impulso e me sento — do que tá falando?Isadora: Sem tempo agora, Maria Vitória. Só arruma as coisas dela, Badá está chegando e precisa de você. E ela desliga o telefone. Mavi: merda — levanto rápido da cama e olho a hora, quase cinco da manhã e Lavínia dorme em um sono profundo. Acendo a luz colocando algumas peças de roupa dela dentro da pequena mochila, e quase não consigo raciocinar o que porra tá acontecendo. Isadora já chegou lá fora, sei disso porque ouvi o carro pagar. Corro pra cozinha e espero ela entrar, mas é outra pessoa que entra. Mavi: O que? —
Mavi Mavi: você sabia disso? — pergunto ao meu pai, sentado na minha mesa me encarando desde a hora que chegou — sabia dessa merda toda e não me contou? Quem Uirá?Nem: Eu quis matar o Badá por tu, Maria. Acha que se eu soubesse, tinha feito toda aquela encenação? O caralho. — ele toma um gole de café e suspira — Uirá é tenente da BOPE, eu não fazia ideia que ele fosse irmão da sua mãe. Nem ela sabia!Minha mente está uma bagunça só, desde a hora que sai do presídio ontem e voltei para o rio. Inevitável pensar no que aconteceu antes, desde a bala que tomei até eu voltar para o morro. Mas ainda sim, tem coisas que não entra na minha cabeça. Quem quer que seja esse tenente, não me mataria se quisesse tanto que eu não seguisse o mesmo destino que minha mãe, até por que, que serventia eu teria morta?Analisando toda situação, me pego mais fodida do que antes. Hellen era minha melhor amiga e acabou se apaixonando pelo meu homem. Pela carência de está sozinha sem Rangel. Mas 2 meses, porra
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