Esperei até que meu pai me deixasse sozinha na clareira antes de soltar o peso do meu corpo na grama e fechar os olhos. Mergulhei fundo dentro de mim e fiz a única coisa que me veio à mente.
— Vó, preciso da sua ajuda.
Esperei no silêncio da clareira até sentir um arrepio percorrer minha nuca. Abri os olhos e a vi se abaixando na minha frente.
Seus cabelos prateados e pretos estavam trançados e caíam por cima do ombro, balançando no meu rosto enquanto ela se inclinava. Eu não consegui evitar de estender a mão para afastar as mechas, mas não senti nada.
— Eu não estou realmente aqui, Amy. Eu envio meu espírito até você quando sinto que precisa. Mas você não pode tocar o mundo espiritual, assim como eu não posso tocar o mundo dos vivos. Não sinto o chão onde nos sentamos, nem o vento que sopra no seu cabelo.
— Mas você parece tão... — Minha voz sumiu.
— Viva? Porque de certa forma eu estou. Quem disse que a Terra é a única vida que vivemos? — Ela sorriu de maneira enigmática e piscou. —