O vento cortava seu rosto, arrancando lágrimas que nem eram de dor, mas de algo muito mais profundo. Algo que crescia em seu peito, apertando sua garganta, queimando seus pulmões.
Ivy corria sem olhar para trás. Suas pernas ardiam, cada músculo do seu corpo gritava para que parasse, mas ela não podia.
Não queria.
As árvores passavam como vultos em sua visão, sombras que se misturavam com as lembranças que tentava deixar para trás. A noite estava viva ao seu redor—o farfalhar das folhas, o som de galhos quebrando sob patas ágeis. Ela sabia que não estava sozinha.
Vários lobos se moviam pela floresta, olhos brilhando na escuridão, observando-a conforme passava. Alguns pareciam hesitar, quase como se quisessem segui-la, outros apenas a observavam, seus olhares carregados de algo que ela não queria interpretar.
Ela deveria estar em sua forma lupina. Deveria sentir o solo sob suas patas, correr tão rápido quanto qualquer um deles. Mas não conseguia. Nunca conseguira.
Seu peito se apertou.