POV VITÓRIA.
O relógio marcava quase onze da noite quando a porta se abriu sem aviso.
Eu nem precisei levantar os olhos para saber quem era — só um homem no mundo tinha o desplante de entrar na minha sala sem bater.
— Está atrasado, Vayrom. — minha voz saiu controlada, doce, mas cada sílaba tinha um fio de aço. Eu adorava provoca-lo.
Ele se recostou na moldura da porta, o terno escuro desabotoado, o colarinho levemente aberto, a expressão insolente de sempre.
— Você me chamou, lembra? Não disse a hora. Eu vim quando quis.
— Como sempre. — dei um gole no vinho, mantendo o olhar fixo nele. — Acha que o mundo gira no seu tempo?
— Talvez gire. — ele sorriu, vindo em passos lentos até a mesa. — Pelo menos, o seu parece girar um pouco mais rápido quando eu chego.
— Você se superestima. — Não consegui controlar o sorriso de canto que sua provocação me trouxe.
— E você mente mal, princesa.
Respirei fundo. O apelido me irritava, talvez porque no fundo ele soasse… íntimo. Mas eu gostava. Fe