— O que faz da vida, Helena? É da imigração mesmo? - Martha perguntou.
— Migra. Você? - Helena retrucou.
— Ultimamente, striper. Prostitut@, às vezes. - Martha respondia.
— Vem de onde? - A policial puxava assunto.
— Haiti. - Martha sorriu.
— Veio pela promessa? - Helena se abraçou às pernas, ajudava a conter a dor latejante.
— Não, para achar um lugar longe da dor. - Ela respondeu, conformada.
— Perdeu alguém? - Helena a via sonhadora.
— Marido, pais e dois filhos. - Ela sorriu.
— Lamento. - Helena respondeu. Tinha a nítida e expressão de dor.
— Tenta mudar de posição. - Martha aconselhou. - Quando fiz a minha, doeu o inferno. - Ela disse, se aproximando e, com um toque suave, deitando Helena e fazendo movimentos que não eram típicos de alguém ignorante.
— Por que fez? - Helena sentia o alívio.
— Não foi bem voluntário, era uma condição para vir. - Ela respondeu, serena, massageando o ventre da mulher. - Não me opus e nem desisti, não tinha muita esperança, nem lá e nem aqui.