Capitulo 6

— Você tem certeza disso Nina? — Laura me perguntou pela décima vez. Depois da última de Enrico, precisei ser sincera com ela e contar que quero me separar. A tristeza ficou visível no olhar dela. Eu amava Laura como se fosse uma mãe, mas nem isso me faria ficar com Enrico.

— Tenho Laura, eu não consigo mais… Enrico tem uma amante, ele vive com ela, trata ela como uma esposa, eu só apenas a esposa para ele sair nas revistas, para se apresentar aos amigos. O amor entre a gente acabou — Ela envolve minha mão com a sua.

— Eu te amo como uma filha, e isso não vai mudar. Independente de qualquer coisa.

Me senti aliviada por conseguir me abrir com Laura, eu queria falar mais, contar as vezes que Enrico me bateu, me humilhou, dizer a ela o ser humano horrível que o filho se tornou, mas poupei ela disso, aquela doce senhora sempre me tratou bem, não precisava dar esse desgosto a ela. Estava com Laura na área externa quando Carmem anunciou que tinha visitas na sala. Para meu desgosto as visitas eram Úrsula e sua mãe Simona, elas chegaram de surpresa sem nenhuma ligação antes para saber se poderíamos recebê-las.

— Laura querida! — Disse Simona com um enorme sorriso no rosto vindo em direção a minha sogra. À medida que ela caminhava ouvia-se o barulho de suas pulseiras batendo uma na outra e seu cheiro de perfume barato misturado com cigarro. Ela abraçou Laura fortemente por um tempo que julguei longo demais. — Senti sua falta Laura, estava tão ocupada que não tive tempo de visitá-la.

— Imagina, sente-se por favor — Laura apontou para o sofá e sentou-se em uma poltrona solo. A mulher ignorou completamente a minha presença como se eu não estivesse ali. Ursula me encarava o tempo inteiro com um sorriso debochado. Minha sogra apenas concordava com o que elas falavam, elas tagarelavam o tempo inteiro sobre viagens, cirurgias estéticas e compras uma conversa enjoada e cansativa sem nada de útil.

— Nina querida, Enrico comentou com Úrsula sobre sua situação, sinto muito — Simona dirigiu-se a mim. Olhei para ela sem entender do que ela estava falando. — Sobre o bebê, ele disse que você tem problemas de fertilidade, lamento imensamente.

Engoli a raiva que me tomou naquele momento. Dei a ela um meio sorriso, tentando disfarçar meu ódio. A visita que achei que seria curta se tornou maior do que eu esperava, as duas ficaram para almoçar conosco, como se não bastasse Enrico chegou e elas ainda estavam aqui, agindo como se fossem donas da casa, e ele lhes dava toda abertura para isso. Após o almoço ajudei Laura a ir para seu quarto descansar, ela tinha uma enfermeira que fazia isso, mas preferi eu mesma fazer para escapar dos assuntos chatos das visitas. Me deitei na cama com Laura e acabei pegando no sono também. Despertei e sai do quarto em silêncio para não acordá-la, caminhei pelo corredor até meu quarto, a porta estava fechada o que achei estranho, durante o dia gosto de manter a porta sempre aberta, só a fechá-la se estiver alguém ali dentro, pela hora Enrico já voltou para empresa. Levei a mão até a maçaneta e abri bem devagar sem fazer barulho, assim que coloquei meus pés dentro do quarto ouvi o barulho do chuveiro e risadas, de homem e mulher.

Por um instante paralisei no lugar sem conseguir me mexer, não era possível que Enrico seria tão baixo ao ponto de levar a amante para dentro do nosso quarto. Olhei para cama, a mesma estava bagunçada, havia um pacote de camisinha na mesa de cabeceira. Meu coração estava despedaçado não por ele estar me traindo na minha própria cama, não por isso, eu já o havia visto com ela antes, vi os dois trocando beijos algumas vezes. O que doía era a humilhação, era saber que dediquei uma parte da minha vida àquele homem que em determinado momento da minha vida acreditei me amar.

Enrico não retornou a empresa, passou o restante da tarde em casa, jogando conversa fora com Simona e Ursula. Usei a desculpa de estar com uma enxaqueca e fui para o quarto, aproveitei o momento sozinha e tirei minhas coisas do closet, pedi ajuda a Carmen e coloquei tudo no quarto de hóspedes. Enrico não precisa de uma palavra minha para saber o porquê daquela decisão. Contei a Laura sobre a minha decisão, ela disse estar triste com tudo isso, mas me deu seu apoio, e prometeu conversar com o filho sobre o assunto. No fundo sei que ela tinha esperanças de que nosso casamento seria restaurado depois de uma boa conversa, uma viagem romântica e quem sabe o filho que Enrico tanto deseja, não a culpava por isso ela foi casada por anos, seu relacionamento com o pai dos filhos foi cheio de altos e baixos e sempre se acertavam, talvez ela pense que o nosso siga o mesmo caminho.

Enrico estava sentado sozinho à mesa quando acordei.

— Bom dia — Cumprimentei.

— Bom dia — Respondeu sem me olhar levando o garfo com um pedaço de mamão a boca. — Quando vai parar de dar chilique e voltar para o nosso quarto? — continuou com a voz carregada de desprezo.

— Não vou voltar, Enrico, estou provisoriamente no quarto de hóspedes, e em breve irei sair dessa casa.

Ele sorriu levemente.

— Você está louca, querida…

— Para de dizer isso, eu estou ótima, nunca estive tão bem, eu vi você com Úrsula no nosso quarto, ainda acha que vou continuar dormindo lá com você?.

— Sua saúde mental vem piorando esses dias, agora está vendo coisas onde não tem, para com esse ciúme doentio. Eu só amo você.

Perdi até a apetite, toda vez que eu o questionava ele vinha com essa história de saúde mental.

— Nunca estive tão lúcida Enrico…

Fomos interrompidos por Laura, que chegou com um sorriso radiante no rosto.

— Bom dia, o dia não está lindo hoje? — Ela estava feliz, o dia realmente estava lindo. Pena que Enrico já o estragou para mim.

— Sim mamãe, a que se deve essa felicidade? — Questionou Enrico.

— Seu irmão, meu filho. Meu Matteo está voltando para essa casa — Enrico deixou os talheres caírem. Seu rosto se fechou no mesmo instante. — Ele chega na próxima semana, Nina preciso de sua ajuda, quero fazer um baile de máscaras, para comemorar sua volta.

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