Respiro fundo, reunindo coragem antes de entrar no quarto de Laura. Ela está lá, uma figura serena contra a luz suave da tarde, perdida em memórias que dançam nas páginas de álbuns antigos.
— Laura — chamo, minha voz mais firme do que me sinto.
Ela se vira, um sorriso caloroso iluminando seu rosto, um contraste gritante com a tempestade dentro de mim.
— Venha querida, estou vendo os álbuns de família — ela diz, acenando para que eu me aproxime.
Meus passos são hesitantes, mas me forço a caminhar até ela. Laura está olhando uma foto de Enrico com o pai, um momento capturado que parece tanto uma vida atrás quanto um segundo.
— Eles eram próximos, sabe — ela murmura, seus dedos acariciando a fotografia com uma delicadeza que me faz querer chorar. — O pai foi muito rígido com ele, mas o amava.
As palavras dela são um eco do que sei ser verdade, mas também um lembrete da complexidade das relações humanas. O amor pode ser uma faca de dois gumes, e eu sei disso melhor do que ninguém.
— Laura