A noite continuou, e a neve também. Do lado de fora, a camada branca só crescia. De tempos em tempos, o som de rodas riscava o silêncio, era algum carro voltando tarde para casa. Os flocos caíam mansos, sem rumo, sem pressa. Em todo o mundo, a neve era igual, branca, pura e silenciosa.
No meio da noite, Paloma acordou. Ela se sentou quietinha e ficou olhando pela janela o cair da neve.
Sem fazer barulho, desceu da cama e foi até o vidro, encostando o dedinho na superfície fria, mas não conseguia tocar os flocos.
"Será que... Será que algum desses flocos de neve é o papai voltando para me ver? Não, não parece. A neve é branca, e quando o papai foi embora, o cabelo dele ainda era preto... Assim como o da mamãe. Então não é o papai, e nem a mamãe."
Yasmin acordou e percebeu que faltava uma rechonchuda na cama. Com a luz suave que entrava pela janela, viu Paloma encostada no vidro, o bumbum empinado, fascinada com os flocos que caíam.
Ela se levantou em silêncio, foi até a janela e se sent